
O milho é o grão de maior produção no mundo, ocupando a quarta posição entre os alimentos mais consumidos pelas populações humanas do planeta. A maior parte da produção de milho é usada para a produção de rações para animais, além de ser a matéria prima de amidos, azeites, proteínas, bebidas alcoólicas, edulcorantes alimentícios e também de combustíveis.
Estudos arqueológicos indicam que os primeiros cultivos de milho datam de mais de 7 mil anos e foram encontrados em ilhas do México no Mar do Caribe. A palavra milho tem origem em línguas indígenas da América Central e significa “sustento da vida”. A cultura do milho foi essencial para o surgimento das grandes civilizações da América Central como os Olmecas, os Maias e os Astecas. O milho foi introduzido na América do Sul há cerca de 4 mil anos.
A partir do final do século XV e começo do século XVI, exploradores europeus levaram o grão para a Europa, de onde a cultura se espalhou para o resto do mundo. De acordo com informações da AMIS – Sistema de Informação do Mercado Agrícola, órgão vinculado ao G20, a produção mundial de milho para a safra 2022/2023 é estimada em 1,167 bilhão de toneladas.
Apesar de impressionante, o volume é menor que a safra anterior que foi de 1,212 bilhão de toneladas. Entre os maiores produtores mundiais se destacam os Estados Unidos, com produção de 383 milhões de toneladas; a China, com 272 milhões de toneladas; o Brasil com 115 milhões de toneladas, e a União Europeia, com 69 milhões de toneladas.
Uma das principais fontes de problemas de produção de milho são os Estados Unidos, justamente o maior produtor mundial. De acordo com informações do USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês, cerca de 30% das terras utilizadas para o cultivo de milho no país apresentaram condições climáticas ruins ou péssimas, indo de secas prolongadas a nevascas, o que causou uma grande quebra na produção.
Outro grande produtor mundial que está enfrentando graves problemas é a Argentina. O país vem enfrentando uma forte seca desde o segundo semestre de 2022 e corre o risco de perder 25% de sua safra, estimada em 54 milhões de toneladas.
A Ucrânia, país que já ocupou a 6ª posição entre os maiores produtores mundiais do grão com uma produção de 42 milhões de toneladas, também tem seus problemas. Relembrando, o país vive um conflito com a Rússia há mais de um ano e deixa sérias dúvidas sobre a sua capacidade de produção e de exportação dos grãos.
Com a oferta em baixa, os preços do produto sobem e encarecem os custos de produção de outros produtos, especialmente de carnes e ovos. Aqui no Brasil, cerca de 65% da produção de milho é destinada a produção de rações para suínos, bovinos, aves e peixes, situação que não é muito diferente de outros países.
Além de sua importância como fonte de alimentação para seres humanos e animais, o milho tem diversas aplicações industriais. Uma delas é seu uso para a produção de etanol, um biocombustível altamente sustentável e com demanda crescente.
De acordo com informações da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento, a produção brasileira de etanol de milho atingiu a marca de 3,36 bilhões de litros em 2022. Isso representou um aumento de quase 30% em relação ao ano anterior.
Em tempos de crise energética mundial, onde o petróleo e seus derivados estão enfrentando uma forte oscilação nos preços, a demanda por etanol não para de crescer, o que resulta em um aumento dos volumes de milho destinados a essa produção, em prejuízo ao seu uso como fonte de alimento.
Uma outra utilização do milho que é pouco conhecida dos brasileiros é seu uso para a produção de bebidas alcoólicas. O grande destaque aqui é o bourbon, o tradicional uísque (ou whisky) de milho norte-americano. A “receita” tradicional tem, pelo menos, 51% de malte de milho em sua composição.
Uma versão mais popular do bourbon é o moonshine, um whisky de milho incolor que chega a ter um teor alcoólico de incríveis 80%. Essa bebida foi considerada ilegal por muito tempo nos Estados Unidos, sendo produzida de forma clandestina nos rincões do país. O nome moonshine significa, literalmente, “luz do luar” e remete a uma produção feita a noite nas fazendas.
O grão também é usado na fabricação do malte usado em muitas marcas de cervejas populares encontradas em todo o Brasil. Essa prática surgiu ainda no século XIX, época em que os custos de importação de malte europeu eram muito altos. O uso do milho como opção “tupiniquim” surgiu para baratear o produto e caiu no gosto popular.
Produtos e subprodutos feitos a partir do milho também são utilizados na produção de cosméticos, shampoos, cremes hidratantes, corantes, óleos, adesivos, entre outras aplicações. Existem estimativas que falam de mais de 3.500 aplicações diferentes para derivados do milho, o que mostra o tamanho do impacto de uma redução na produção e de um aumento dos preços.
Os usos voltados para alimentação humana e animal, entretanto, são os prioritários e os que causam maiores preocupações em um cenário mundial de escassez de alimentos. Qualquer uso como cosmético ou em indústria não tem a mesma prioridade que a alimentação, uma necessidade inadiável.
Ao milho se juntam produtos como a soja, as carnes, o açúcar, o café, entre outros alimentos que vem apresentando uma forte demanda ao mesmo tempo em que apresentam dificuldades de produção e de exportação em muitos países. O cenário internacional é bastante preocupante.
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[…] falamos dos problemas com as culturas dos principais grãos consumidos pela humanidade – trigo, milho, arroz, soja e o milheto, que apesar de ser muito pouco conhecido pelos brasileiros é um alimento […]
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