
Entre a terça-feira, dia 9, e quarta-feira, dia 10, o litoral de Santa Catarina foi, mais uma vez, atingido por um ciclone extratropical. Ao menos 51 municípios do Estado foram atingidos pela chuva e pelos fortes ventos. De acordo com informações da Defesa Civil Estadual, foram registradas rajadas de ventos com velocidade de 111 km/h em Urupema, e de 108 km/h em Bom Jardim da Serra.
Como as nossas cidades não estão preparadas para suportar chuvas mais fortes, como sempre lembramos nas postagens aqui do blog, foram registrados alagamentos em diversas cidades, inclusive com deslizamentos de encostas como o que ocorreu em Joinville, a maior cidade catarinense. Os fortes ventos também provocaram danos em telhados e construções.
De acordo com informações preliminares da Defesa Civil, divulgadas no início da noite do dia 10, ao menos 23 pessoas ficaram desalojadas e 23 desabrigadas. O mar ficou bastante agitado com os fortes ventos – um restaurante flutuante que estava prestes a ser inaugurado em Balneário Camboriú acabou sendo arrastado pela correnteza e naufragou.
Em Florianópolis, a capital do Estado, as fortes rajadas de vento provocaram, além de chuva e enchentes, cortes no fornecimento de energia elétrica. Uma estação meteorológica instalada nas proximidades do Aeroporto Internacional de Florianópolis – Hercílio Luz registrou rajadas de vento com velocidade de 85 km/h no início da manhã do dia 10.
O ciclone também causou fortes impactos na fauna marinha – cerca de 600 pinguins mortos foram encontrados ao longo das praias de Santa Catarina. Os animais, da espécie Magalhães e originários do Sul do Continente, costumam frequentar as costas da Região Sul nos meses de verão, onde encontram fartura de alimentos.
De acordo com informações de biólogos, esses eram animais mais fracos e debilitados que não conseguiram resistir à força das correntes marítimas e aos ventos do ciclone. Além dos pinguins também foram encontradas gaivotas, fragatas e tartarugas marinhas mortas.
Cidades do litoral do Paraná como Matinhos, Guaratuba e Pontal do Paraná também sentiram os efeitos dos fortes ventos e das chuvas. Foram registrados vários destelhamentos de casas, quedas de árvores e de postes de energia elétrica, além de alagamentos ao longo da quarta-feira, dia 10.
Em cidades da faixa Leste do Estado de São Paulo o fenômeno provocou fortes ventos e muitos estragos. Na cidade de São Paulo, os fortes ventos provocaram a queda de centenas de árvores e galhos – o Corpo de Bombeiros recebeu ao menos 196 registros desse tipo de ocorrência.
O incidente mais grave foi registrado no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. Fortes rajadas de vento derrubaram estandes de uma feira de aviação executiva, deixando ao menos duas pessoas feridas, além de danos superficiais em duas aeronaves que estavam em exposição. Por questões de segurança, o evento foi encerrado mais cedo.
Na cidade do Rio de Janeiro, os ventos chegaram a atingir uma velocidade próxima dos 60 km/h no final da tarde do dia 10, o que trouxe chuvas e alguns transtornos para motoristas e pedestres. Por precaução, a Prefeitura colocou a cidade em “estado de mobilização”, o que, entre outras medidas, recomenda que os cariocas não fiquem à beira da orla ou em mirantes, que evitem a navegação e atividade de pesca, que não pedalem na orla e que não tentem resgatar vítimas de afogamento.
Apesar de não ter sido tão devastador como outros ciclones que ocorrem em todo o mundo, está chamando a atenção a frequência que esse tipo de fenômeno está ganhando no litoral do Brasil, especialmente na Região Sul.
É importante que acompanhemos com interesse cada vez maior esse tipo de situação – se a frequência desse tipo de evento continuar aumentando, nossas cidades vão precisar de adaptações para suportar ventos e chuvas cada vez mais fortes.
Nunca é demais lembrar que nossas cidades mal conseguem suportar as chuvas mais fortes de verão – quiçá vendavais…