Nas últimas postagens começamos a falar de um seríssimo problema ligado aos recursos hídricos: o uso de volumes cada vez maiores de água na agricultura. A disponibilidade de água para o abastecimento das cidades e das populações encontra-se, cada vez mais, sob intensa pressão. Prestem atenção em alguns números:
Algumas estimativas científicas indicam que um volume equivalente a 383 mil km³ de água evapore dos oceanos a cada ano (dependendo da fonte consultada, você poderá encontrar valores diferentes deste). Para que você tenha uma ideia mais precisa do que é esse volume, ele equivale a uma camada de 1,06 metro da superfície de todos os oceanos do mundo: Pacífico, Atlântico, Índico, mares polares, Mar Mediterrâneo, entre outros.
Essa inacreditável quantidade de água na forma de vapor é colocada em circulação ao redor do nosso Planeta pela força dos ventos, elemento esse que também é influenciado pelas diferentes temperaturas ao redor do globo terrestre. Em algum momento, quando o vapor esfria, a água volta ao estado líquido e é precipitada de volta a superfície do Planeta – cerca de 75% das chuvas caem de volta sobre os oceanos e os 25% restantes vão cair sobre os continentes, na forma de chuva, neve e granizo entre outras formas de precipitação.
Feitas as devidas contas, o volume de água doce disponível para o consumo de todas as pessoas, animais e plantas do mundo é de aproximadamente 95 mil km³, um volume que equivale a menos de 0,5% de toda a água disponível do Planeta. Cerca de 97,5% da água existente na Terra é salgada, ou seja – água do mar, imprópria para o consumo. A água doce ou potável, corresponde a apenas 2,5% do volume de água existente no Planeta, sendo que a maior parte está congelada nos polos e nas geleiras, e grande parte se encontra em aquíferos e lençóis subterrâneos de difícil acesso.
Agora que já falamos da água, passemos para a agricultura:
De acordo com dados de 2005 do Banco Mundial, existem cerca de 570 milhões de terrenos de uso agrícola no mundo, sendo que 90% desse total são terrenos classificados como de agricultura familiar. São em sua maioria áreas entre 2 e 5 hectares. Os rendimentos agrícolas e os salários gerados por essas pequenas propriedades representam entre 42% e 75% da renda rural em países com perfil agrícola e entre 27% e 48% nos países em vias de desenvolvimento.
Os sistemas de agricultura tradicionais (não irrigados) produzem mais de 60% dos cultivos em 80% das áreas cultiváveis do mundo. Já os sistemas de cultivo irrigado representam cerca de 40% da produção em 20% das áreas cultiváveis do mundo, especialmente em grandes plantações. Apesar de, proporcionalmente, ocupar pouco espaço, a agricultura irrigada representa hoje, aproximadamente, 70% das captações totais de água do mundo, com percentuais mais altos em alguns países, como o Brasil, onde representa 72% do consumo de água. Estima-se que 38% das áreas irrigadas utilizem águas subterrâneas.
De acordo com projeções do Instituto Internacional de Investigação Sobre Políticas Alimentares (IFRPI), no ano de 2050, o stress hídrico poderá afetar 45% do PIB mundial, 52% da população e comprometer 40% da produção de cereais.
Agora, adivinhem quem é que mais vai sofrer com a falta de água na agricultura?
A população mais pobre do mundo, é claro. Calcula-se que 43% da população economicamente ativa do mundo trabalhe direta ou indiretamente na agricultura. Esse percentual varia muito de país para país: em países pobres é da ordem de 53% – nos países desenvolvidos cai para 6%. Feitos alguns cálculos, chegaremos ao número impressionante de 2 bilhões de pessoas que dependem diretamente da agricultura para viver – se incluídos na conta os dependentes de cada trabalhador, o número será bem maior. Sem disponibilidade de água para produzir em suas pequenas propriedades, essas pessoas perderão os seus parcos rendimentos e, muito pior, o alimento de cada dia. Aliás, cerca de 40% da população mundial já enfrenta hoje escassez de água.
Perceberam o tamanho da tragédia anunciada?
[…] forte impacto nos rios da região – grandes quantidades de água são retiradas dos rios para a irrigação das lavouras. Sem uma gestão adequada dos volumes retirados, existem grandes desperdícios e uma parcela […]
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