A “GRANDE MAÇÔ EMBAIXO D’ÁGUA

A chuva alagou ruas por toda a Ilha de Manhatan e forçou o fechamento de várias estações de metrô criando uma situação caótica. Maior cidade dos Estados Unidos com mais de 8,5 milhões de habitantes, Nova York tem uma mancha urbana que se distribui em diversas ilhas e distritos na área continental, tendo o sistema metroviário como a sua principal via de transporte. 

De acordo com informações do Serviço de Meteorologia Nacional, o Aeroporto John F. Kennedy, o principal da região metropolitana de Nova York, registrou uma precipitação de 150 mm, o maior índice registrado desde a passagem do furacão Donna em setembro de 1960. O aeroporto LaGuardia, que fica dentro da cidade, também teve de suspender todas as suas operações. 

No distrito do Brooklyn, um dos mais densamente povoados da cidade, foram registrados 170 mm de chuva, sendo que em apenas uma hora foram registradas precipitações de 60 mm. Esses padrões de chuva são comuns em regiões tropicais como na Amazônia. 

Os novaiorquinos, que sempre se valeram de um eficiente serviço de informações meteorológicas, dessa vez foram pegos de surpresa durante o rush da manhã. A foto que ilustra essa postagem, que mostra uma imagem muito rotineira das temporadas de chuva das grandes cidades brasileiras, mostra uma grande avenida alagada na cidade. 

Os meteorologistas haviam previsto chuvas para a cidade, mas nem de longe previram a forte intensidade. A população foi pega de surpresa indo para o trabalho. Mensagens com alerta de chuva forte só começaram a ser enviadas para os celulares dos moradores após a chuva já ter começado a cair com muita força.

De acordo com os meteorologistas, esse mês de setembro está sendo o mais chuvoso na região de Nova York dos últimos 140 anos. Cidades próximas como Nova Jersey e Hoboken também sofreram com a forte chuva e com as inundações. 

Eventos meteorológicos extremos como esse são apenas mais um dos lados desses novos tempos de mudanças climáticas globais. 

CHEGAMOS AO FUNDO DO POÇO: MUDANÇAS CLIMÁTICAS PODERÃO AFETAR A PRODUÇÃO DE CERVEJA 

Hoje é um dia de festa par dezenas de milhões de torcedores: o São Paulo Futebol Clube ganhou, finalmente, a Copa do Brasil. E como sempre acontece nessas ocasiões, os torcedores estão comemorando com muita festa e cerveja… 

Essas afirmações foram feitas pelo executivo japonês ao Financial Times, um dos mais importantes jornais de negócios dos Estados Unidos. Pesquisas internas feitas pela Asahi indicam que o aumento das temperaturas reduzirá consideravelmente a produção de cevada e também a qualidade do lúpulo. 

Para quem conhece alguma coisa da produção de cerveja, os principais ingredientes usados na sua produção, senão os únicos, são a água, o malte de cevada e o lúpulo. Existe, inclusive, a Reinheitsgebot a lei da pureza da cerveja, que foi promulgada por Guilherme IV da Baviera em 1516. 

A cerveja é a terceira bebida mais consumida do mundo, só ficando atrás da água e do café. Também é a bebida alcoólica mais consumida do mundo. De acordo com historiadores e arqueólogos, a bebida vem sendo consumida pelos mais diferentes povos há mais de 6 mil anos. 

A mais antiga regulamentação para a produção, comercialização e consumo de cerveja é encontrada no Código de Hamurabi, um conjunto de leis da antiga Mesopotâmia que remonta ao ano 1.160 a.C. Muitos “especialistas” (observem as aspas), afirmam que a civilização surgiu em função da produção e do consumo das cervejas. 

Segundo as projeções feitas pela Asahi, um aumento das temperaturas numa faixa de 4º C até o ano de 2050, poderá resultar em uma redução de 18% na colheita de primavera da cevada na França e de até 15% na Polônia. 

Essas mesmas condições climáticas poderiam resultar em uma redução de cerca de 25% na colheita de lúpulo na República Tcheca, que é um dos maiores produtores mundiais. O lúpulo é o ingrediente responsável pela preservação e pelo sabor da cerveja. 

Caso o aumento nas temperaturas globais fique limitado em 2º C, as projeções indicam que a produção de cevada na França e na Polônia serão reduzidas em 10% e 9%, respectivamente. Já a produção de lúpulo da República Tcheca seria reduzida em “apenas” 13%. 

Como existe um esforço global dos principais países do mundo para limitar o aumento das temperaturas em 2º C, esse segundo conjunto de perdas na produção dos principais ingredientes da cerveja parecem ser os que melhor representam o que o futuro nos reserva. 

Segundo a lei universal da oferta e da procura, sempre que a oferta de um produto diminui, seus preços aumentam. Para os amantes de uma boa cerveja gelada, o futuro parece reservar bebidas com um preço bem mais altos do que nos dias atuais.

Imaginem só – um mundo cada vez mais quente e com cerveja cada vez mais cara…

ESTRESSE TÉRMICO ESTÁ AUMENTANDO EM GRANDES CIDADES DO BRASIL E DA AMÉRICA DO SUL

Segundo o estudo, mais de 38 milhões de brasileiros habitantes de grandes metrópoles como o Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e outras dez cidades com mais de 1 milhão de habitantes passam até 25 dias por ano vivendo sob condições meteorológicos superiores aos limites do corpo humano. 

O UTCI – Índice Climático Térmico Universal, na sigla em inglês, não trata apenas da temperatura. Esse índice considera também a umidade do ar, o fluxo de radiação solar recebida e a velocidade do vento. Todos esses fatores afetam o conforto térmico do organismo humano e a forma como o corpo reage às condições ambientais. 

O aumento progressivo desse estresse térmico começou a acelerar nos últimos 20 anos com o agravamento das mudanças climáticas. E os problemas não param por aí – a cada ano, o período de estresse térmico ganha 10 horas a mais nas cidades analisadas. 

Esse estudo de avaliação de bioclimatologia é o primeiro a ser realizado em toda a América do sul nas últimas quatro décadas. No total, o estudo avaliou 31 cidades em toda a América do Sul. No Brasil foram avaliados Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Campinas. 

Segundo os pesquisadores, o número de horas sob estresse térmico ao longo do ano vem aumentando em todas as zonas climáticas do continente. O período analisado se estendeu de 1979 até 2020. Esse crescimento foi observado em todas as cidades brasileiras estudadas. 

Em resposta ao aumento desse estresse térmico, as populações têm mudado seus hábitos de vida. Muitas atividades que costumavam ser feitas durante o dia agora estão sendo feitas durante a noite, período em que as temperaturas ficam um pouco mais amenas. 

Entre as cidades estudas, Fortaleza e Goiânia foram as que apresentaram os maiores aumentos, com 13 horas a mais de estresse térmico. Em Brasília, Campinas, Manaus e Belo Horizonte, o aumento foi de 10 horas. Nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro o aumento foi de 6 horas – Belém e Curitiba tiveram aumentos de 4 e 2 horas, respectivamente. 

A OMS – Organização Mundial de Saúde, considera o acesso a locais refrigerados como a melhor forma de se combater o estresse térmico. Essa recomendação, entretanto, esbarra em problemas econômicos. Aqui no Brasil, os dados indicam que pouco mais de 13% dos domicílios possuem sistemas de ar-condicionado. 

Desgraçadamente, para a imensa maioria dessas populações a única forma de se combater o estresse térmico é se valer de muita sombra e água fresca… 

BRASIL ESTÁ ENFRENTANDO UMA FORTE ONDA DE CALOR 

Um exemplo da intensidade do forte calor pode ser visto e sentido na cidade de São Paulo, onde os termômetros atingiram a marca de 37º C no último domingo, um nível de temperatura extremamente alto para esse período do ano. 

Além do forte calor, a cidade está enfrentando baixos níveis de unidade no ar – abaixo de 30%, uma condição que piora a qualidade do ar e aumenta a sensação de calor. Para desespero dos paulistanos, os serviços de meteorologia não tem previsão de chuvas para os próximos dias. 

O Governo do Estado está organizando a distribuição de água em vários pontos da cidade visando especialmente os moradores de rua, assim como idosos e crianças. Essa água será fornecida em copos descartáveis – também está prevista a instalação de bebedouros nos postos de distribuição. 

A Prefeitura paulistana também está se movimentando e montou a Operação Altas Temperaturas, o que inclui a montagem de tendas em diversos pontos de grande circulação de pedestres na cidade. Além do fornecimento de água, essas tendas vão contar com serviços médicos e ambulâncias para o atendimento de casos de insolação. 

De acordo com informações do CPTEC/INPE – Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, essa onda de calor deverá se manter estacionada sobre boa parte do país, incluindo as Regiões Centro-Oeste, Sul da Amazônia, a maior parte do Nordeste, além de partes dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. 

Só para constar – o inverno aqui no Brasil terminará oficialmente no próximo sábado, dia 23 de setembro. Podemos até imaginar o quão quente serão as estações da primavera e do verão nos próximos meses! 

EM 30 ANOS, BELÉM SERÁ A SEGUNDA CIDADE MAIS QUENTE DO MUNDO 

Notícias sobre o aquecimento global e de todos os seus impactos no clima de nosso planeta se tornaram perigosamente frequentes nas postagens aqui do blog. Essas notícias costumam ser dispersas, falando de mares, florestas, rios ou geleiras de grandes cadeias de montanhas. 

A notícia que trazemos hoje nos dá uma ideia bastante realista do que podemos esperar das mudanças climáticas em uma grande cidade brasileira.  

Segundo o estudo, a capital paraense terá 222 dias de calor perigosamente alto ao longo do ano por volta do ano 2050. A campeã será a cidade de Pekambaru, na Indonésia, que enfrentará um total de 344 dias de calor nocivo. 

Ainda segundo esse estudo, cerca de metade da população mundial a essa época, número calculado em cerca de 5 bilhões de habitantes, estará exposta a pelo menos um mês de calor perigosamente intenso a cada ano. 

De acordo com os pesquisadores, 32º C em dias muito úmidos pode ser considerado um limite para as temperaturas consideradas arriscadas – em locais muitos secos esse limite é de 48º C. Acima dessas temperaturas, adultos saudáveis que praticam atividades físicas ao ar livre por mais de 15 minutos podem sofrer estresse térmico. 

De acordo com dados do Governo dos Estados Unidos, a temperatura média no planeta Terra foi de 17,18º C no último ano. Em 2016, essa temperatura média foi de 16,92º C, o que mostra claramente a velocidade do aumento das temperaturas globais. 

Ondas de calor também estão se tornando perigosamente frequentes em regiões da América do Norte, Europa e da Ásia. Países de clima quente em regiões tropicais estão ficando cada vez mais quentes. Temperaturas acima desses limites considerados arriscados estão ficando cada vez mais comuns. 

O que podemos esperar para os próximos anos, entre inúmeros outros problemas criados pelo aquecimento global, é que essa lista de cidades extremamente quentes não pare de crescer .

UMA TRADICIONAL ESTAÇÃO DE ESQUI VAI FECHAR AS PORTAS NA FRANÇA. O MOTIVO: A FALTA DE NEVE 

Em algumas regiões montanhosas do mundo como os Alpes, os Andes e as Montanhas Rochosas, a temporada de inverno é comemorada por muita gente, especialmente os praticantes de esportes de inverno como o esqui. 

É comum se encontrar grandes infraestruturas com serviços de hospedagem, alimentação, elevadores, teleféricos e outras comodidades para atrair o maior número de turistas nessa temporada. Exemplos são Aspen, nos Estados Unidos, Saint Moritz, na Suíça, Niseco, no Japão, Alpe d’Huez, na França, entre muitas outras. Essas estações atraem milhares de visitantes todos os anos. 

Infelizmente, as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas em todo o planeta estão mudando muitas dessas paisagens – lugares onde o inverno costumava ser muito frio e sujeito a grandes precipitações de neve, atualmente estão ficando mais quentes e com pouca queda de neve. Para os que gostam de esportes de inverno isso é uma verdadeira tragédia! 

Até alguns anos atrás, a temporada de inverno na região se estendia do início de dezembro até o final de março. No ano passado, para dar uma ideia da tragédia, a temporada de neve durou apenas quatro semanas. Com tão pouca neve, a estação está atraindo um número cada vez menor de visitantes, gerando sucessivos prejuízos. 

De acordo com informação da direção da estação de esqui, apenas a manutenção dos elevadores usados pelos turistas para subir as montanhas tem um custo anual de 80 mil Euros. Existe a expectativa de um prejuízo total neste ano de 500 mil Euros. 

La Sambuy é um resort pequeno, com apenas 3 elevadores e pistas que sobem até uma altitude de 1.850 metros. Entretanto, a estação apresenta uma grande variedade de pistas com diferentes graus de dificuldades, o que a torna bastante popular entre os mais diferentes tipos de público. As tarifas locais para usar as pistas também são consideradas baratas quando comparadas a outras estações dos Alpes. 

E esse não é um caso isolado: de acordo com a Mountain Wilderness, um grupo ambientalista francês, 22 teleféricos de estações de esqui foram desmontados na França desde 2001. O grupo estima que outros 106 teleféricos estão abandonados em 59 locais do país. 

Essa situação se repete em toda a Europa. Segundo um relatório publicado na revista científica Nature Climate Change, 53% dos 2.234 resorts de esqui pesquisados na Europa poderão seguir pelo mesmo caminho devido à falta de neve nos próximos anos. 

A notícia do fechamento de La Sambuy está causando uma enorme comoção entre os 7.500 moradores da pequena cidade homônima, que tem na estação de esqui uma das suas principais fontes de trabalho e renda. Os moradores organizaram um grande abaixo assinado destinado a Prefeitura da cidade pedindo a manutenção do resort. 

Sem neve, a Prefeitura, que é a responsável pela administração do resort, diz que não há muito o que possa ser feito. Muito triste! 

FORTE TEMPESTADE DEIXOU MAIS DE 5 MIL MORTOS E 10 MIL DESAPARECIDOS NA LÍBIA 

O país foi atingido pela tempestade Daniel no último domingo, dia 10 de setembro, e as fortes chuvas provocaram o rompimento de duas antigas barragens na região Nordeste do país. A forte correnteza atravessou extensas áreas já inundadas provocando uma enorme destruição. 

Uma das cidades mais devastadas pela força das águas foi Derna, onde cerca de 6 mil pessoas estão desaparecidas de acordo com informações de Othman Abduljalil, ministro da Saúde do governo apoiado pelo parlamento oriental da Líbia. 

Segundo o chefe da delegação das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Tamer Ramadan, afirmou em uma conferência de imprensa em Genebra, na Suíça, “o número de mortos é enorme e cerca de 10 mil estão desaparecidos”. 

De acordo com as descrições de jornalistas da Líbia, estão sendo encontrados corpos de vítimas espalhados por todos os lugares. Existem famílias inteiras presas sob os escombros de edificações que desabaram. As forças de segurança e de emergência do país, que vive sob uma frágil coalizão política, estão se desdobrando para atender as vítimas da melhor maneira possível. 

Só para contextualizar, a Líbia passou por um longo período ditatorial sob o comando de Muammar al-Gaddafi, que governou o país como Presidente Revolucionário da República Árabe Líbia de 1969 a 1977 e depois como “Líder Fraternal” da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia de 1977 a 2011. 

Como sempre costuma ocorrer nesses casos, ditadores criam enormes estruturas de controle e repressão popular para se manter no poder, deixando preocupações com o bem-estar da população de lado ou em um plano muito secundário. Gaddafi foi derrubado por um levante de militares e civis líbios com apoio de forças internacionais lideradas pela França, Estados Unidos e Inglaterra. O antigo líder líbio acabou sendo preso em 20 de outubro de 2011 e morreu em circunstâncias não muito claras. 

Desde então, a Líbia vem convivendo com uma forte instabilidade política e com uma luta intensa entre diversas forças políticas. O país sofre com inúmeros problemas de infraestrutura e com todo o tipo de dificuldades de ordem administrativa. Essa grande tragédia climática pegou o país de surpresa e serão necessários grandes esforços, especialmente com ajuda estrangeira, para recuperar tudo o que foi destruído pelas chuvas.  

As fortíssimas chuvas que caíram na Líbia foram resultantes de um forte sistema de baixa pressão que há vários dias vem provocando chuvas na região do Mar Mediterrâneo. Esse sistema provocou inundações catastróficas na Grécia, seguindo depois na direção do Mar Mediterrâneo onde se transformou num ciclone tropical conhecido como Medicane (do inglês, furacão do Mediterrâneo). 

Serão necessários vários dias até se tenha uma noção exata do tamanho real dos estragos e do número de vítimas dessa grande tragédia. O que é certo por enquanto é que o povo da Líbia precisará de muita ajuda e solidariedade da comunidade internacional para superar essa tragédia épica. 

AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E O TERREMOTO NO MARROCOS 

Um destaque, segundo o próprio Cazarré, foram comentários reprovando essa nova gravidez por causa dos problemas ambientais criados pelas mudanças climáticas. Segundo foi possível entender, tem gente que acha um absurdo trazer uma nova vida ao mundo num momento tão crítico. 

Infelizmente, comentários estúpidos associando as mudanças climáticas aos mais diferentes males da humanidade não ficam restritos apenas a fãs anônimos de um artista. Tem gente “altamente gabaritada” falando besteira. 

Antes de qualquer coisa, é importante afirmar que não existe qualquer comprovação científica ou estudo que permita associar um terremoto às mudanças climáticas. Para falar o mínimo, uma fala dessas trata-se da mais pura ignorância. 

Como muitos dos leitores do blog devem saber, a superfície de nosso planeta é formada por grandes placas ou blocos de rocha chamados de placas tectônicas. No total são reconhecidas 55 placas tectônicas, sendo 15 placas principais e 40 placas menores ou sub placas. 

Falando de uma forma bastante simplificada, cada uma dessas placas ou sub placas podem ser imaginadas como se fossem uma jangada que flutua sobre o magma, uma massa de rocha liquefeita que forma o núcleo de nosso planeta. Essas placas e sub placas estão em contínuo movimento e é justamente o atrito entre as placas que provoca os terremotos. 

A Placa Sul-Americana, onde encontramos todos os países da América do Sul, lentamente começou a avançar rumo ao Leste, se afastamento pouco a pouco da África. A velocidade desse afastamento, que continua até os dias atuais, fica entre 3 e 5 cm por ano. Essa impressionante deriva dos continentes não tem nada a ver com o clima ou com mudanças climáticas. 

Marrocos fica no Norte da África, bem próximo do ponto de encontro entre a Placa Africana e a Placa Euroasiática – o atrito entre essas placas foi a causa provável do tremor. O terremoto de 6 graus na Escala Richter teve seu epicentro na cadeia de Montanhas Atlas a cerca de 70 km de Marrakech, uma importante cidade turística do Marrocos. Até o momento, as autoridades do país falam de 2.497 mortos e cerca de 2.500 feridos.  

A fala “sem pé nem cabeça” do nosso Presidente virou instantaneamente um dos memes mais visualizados nas redes sociais de todo o mundo, algo que é lamentável para todos nós brasileiros. 

Em tempos de mudanças climáticas e da necessidade de grandes lideranças políticas, é deprimente saber que temos um líder que fala uma besteira desse tamanho em um importante evento internacional. 

CULTIVO DO GRÃO-DE-BICO EM RESPOSTA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA EUROPA 

O grão-de-bico é uma leguminosa originária da região Sudeste da Turquia e do Norte da Síria, sendo um grão bastante comum na culinária árabe. O homus, uma pasta feita a partir do grão-de-bico, é um desses pratos. Mercadores espalharam a cultura do grão por todo o Norte da África e Ásia Central, chegando até a Índia. 

Na Europa, o grão-de-bico foi introduzido por conquistadores árabes na Península Ibérica e na Sicília. Com o passar do tempo, sua produção entrou em decadência, cedendo espaço para outras leguminosas como a ervilha e o feijão. A maior parte do grão-de-bico consumida no continente atualmente é importado. 

Apesar de não ser um dos grãos mais populares aqui no Brasil, o grão-de-bico é a quinta leguminosa mais cultivada do mundo, só ficando atrás da soja, do amendoim, do feijão e da ervilha. Sua produção aqui no país é pequena, sendo complementada por grãos importados do México, do Chile e da Turquia. 

O grão-de-bico é uma importante fonte de proteínas e minerais, como cálcio, magnésio, potássio e ferro. Também é rico em vitaminas do complexo B, tiamina (B1), vitamina B6 e ácido fólico (B9). A sua fibra é solúvel em água, o que contribui para a eliminação de gordura, colesterol e açúcar pelo nosso organismo. 

Uma característica dessa leguminosa que vem chamando a atenção de muitos produtores rurais na Europa nos últimos anos é a sua capacidade de crescer em solos secos e com baixos níveis de umidade, características importantes em um continente que sofre cada vez mais com ondas de calor e secas. 

Como acontece com a maioria das leguminosas, o grão-de-bico armazena nitrogênio em suas raízes, uma característica que torna a planta uma aliada de outras culturas que necessitam desse insumo. Aqui no Brasil, citando um exemplo, é muito comum que os agricultores plantem amendoim como uma cultura de rotação, justamente visando enriquecer o solo com nitrogênio. 

Como sempre acontece em culturas pioneiras, os agricultores que estão plantando o grão-de-bico estão reclamando dos baixos preços do grão no mercado europeu. Como existe pouca demanda, é muito mais barato importar o grão de países do Oriente Médio o do Norte da África. 

Com o avanço das mudanças climáticas e com a redução das chuvas em grande parte da Europa, a cultura poderá se transformar em uma importante fonte de proteínas e vitaminas para a população, ocupando os espaços de grãos como o feijão e a ervilha. Com o aumento da demanda os preços e os incentivos para os produtores deverão aumentar. 

Esse é apenas um exemplo de adaptação em um mundo com mudanças cada vez mais visíveis no seu clima e nas formas de produção e consumo de alimentos. 

MUDANÇAS CLIMÁTICAS, FOFOCAS DA TV E PARANÓIAS

Se existem áreas das chamadas “humanidades” onde meus conhecimentos são próximos do nível zero são aquelas ligadas a shows, músicas e entretenimentos em geral. Não sei nomes de artistas, de músicas ou quem é quem na programação das televisões. Os poucos artistas que arrisco dizer que conheço alguma coisa são aqueles da área do cinema. 

Essa semana fui surpreendido com uma notícia sobre o ator Juliano Cazarré, que até onde eu sei faz muito sucesso em novelas. Alguns funcionários da obra civil onde trabalho estavam ouvindo uma rádio que toca música sertaneja e ouvi de passagem uma notícia chocante sobre esse ator. 

Até onde entendi, ele e a esposa (vide foto) divulgaram que em breve vão “ganhar” outro filho, o tipo de notícia que, normalmente, é sinal de muita alegria. Entretanto, o ator anda bem chateado com inúmeras críticas que supostos “fãs” tem publicado nas redes sociais. 

Entre coisas absurdas, Cazarré comentou que muitas dessas críticas estavam associando o aumento do tamanho de sua família (parece que ele já tem outros filhos) a um momento em que o mundo está passando por mudanças climáticas. Muita gente está achando um absurdo “trazer uma nova vida a um mundo cheio de problemas climáticos”. 

Em primeiro lugar, meus melhores votos de felicidades ao casal Cazarré – que esse novo filho (ou filha) venha ao mundo com muita saúde e que traga muitas alegrias à sua família. Ter ou não ter filhos é, na minha opinião, uma decisão pessoal. Se existem condições financeiras para alimentar, abrigar e educar essa criança, que seja muito bem-vinda. 

Segundo: sempre que ouço coisas desse tipo fico de cabelos arrepiados devido à falta de conhecimento geral da nossa população. Blogs da área ambiental como Água, Vida & Cia se “esgoelam” de tanto falar nesse assunto, mas parece que a mensagem não consegue chegar aos “corações e mentes” das pessoas. 

Mudanças climáticas vem se sucedendo em nosso planeta desde a sua formação há mais de 4 bilhões de anos e, sempre que elas aconteceram, a história geológica e depois a vida biológica somente fizeram por evoluir e se adaptar às novas condições. 

Até uns vinte anos atrás, notícias que tratavam de mudanças climáticas eram tratadas como farsa. O Governo dos Estados Unidos, preocupado com os possíveis impactos econômicos, fazia de tudo para negar a existência de tais mudanças. 

De alguns anos para cá, principalmente após o surgimento da internet, essas notícias fugiram de qualquer controle centralizado e não há como negar que nosso mundo está passando por grandes mudanças climáticas. 

Nosso blog, é claro, não poderia deixar de repercutir tais notícias. Ultimamente, a maior parte de nossas postagens trata de temas ligados às mudanças climáticas. Apesar de toda essa repercussão, isso está longe de ser o fim do mundo. 

Por mais problemas que essas mudanças tragam para a nossa vida, de uma forma ou de outra teremos de seguir em frente. Infraestruturas terão de ser refeitas e/ou modernizadas; áreas de cultivo precisarão ser deslocadas para outras regiões; sistemas de irrigação precisarão ser instalados em áreas agrícolas que hoje não precisam de mais água. 

Mudanças nos padrões de chuva, seca ou de ondas de frio nos forçarão a mudar muitos dos nossos hábitos de vida. Apesar de todas essas mudanças, nossas vidas vão continuar a seguir em frente – paranoias como essa que se passou com o ator não levam a nada e não tem sentido. 

Nossa espécie já enfrentou inúmeras mudanças climáticas ao longo de sua história e, sem a menor margem de dúvida, sobrevivemos a todas elas por maiores que tenham sidos os custos. O que estamos vivendo atualmente será apenas “mais uma grande pedra” em nosso caminho!