TEMPERATURAS NA EUROPA ESTÃO AUMENTANDO DUAS VEZES MAIS RÁPIDO DO QUE NO RESTO DO MUNDO 

Autoridades dos países da União Europeia estão preocupadas com as ilhas de calor que estão se tornando frequentes nas cidades do continente. De acordo com um estudo da AEA – Agência Europeia do Ambiente, cerca de 46% dos hospitais e 43% das cidades do continente estão localizados em “ilhas de calor”, onde as temperaturas podem ficar mais de 2º C acima da média regional.  

Essa preocupação acaba de ser corroborada por um relatório da OMM – Organização Meteorológica Mundial e de cientistas ligados ao Copernicus, o Programa de Observação da Terra da União Europeia. De acordo com esse estudo, a Europa teve a sua temperatura média aumentada em 2,3º C em relação ao período pré-industrial (1850-1900). 

De acordo com o professor Petteri Taalas, secretário-geral da OMM, as demais regiões climáticas do planeta apresentaram um aumento de 1,2º C no mesmo período. Isso significa que a faixa de terras ocupada pelo continente europeu do Estreito de Gibraltar, no Sul da Espanha, até os Montes Urais, na Rússia, apresentou um ritmo de aquecimento duas vezes maior que a média mundial. 

Conforme comentamos em inúmeras postagens aqui do blog, o aquecimento global é um dos maiores problemas ambientais da humanidade. Até onde os cientistas já conseguiram entender, as ações humanas são as maiores responsáveis por essa verdadeira tragédia ambiental. Fenômenos naturais também podem estar dando as suas contribuições. 

A grande vilã do aquecimento global são as emissões de GEE – Gases de Efeito Estufa. Entre esses gases destacamos o dióxido de carbono (CO2), o Metano (CH4), o Óxido Nitroso (N2O) e o Hexafluoreto de Enxofre (SF6). Esses gases intensificam o efeito estufa, um fenômeno natural da atmosfera do nosso planeta, e produzem um aumento das temperaturas na superfície da terra.   

Os gases de efeito estufa são liberados pelas mais diferentes fontes, indo desde a decomposição de material orgânica, passando pela digestão de animais herbívoros como ovelhas e bois, chegando até as queimadas naturais em áreas de savanas e de florestas. A queima de combustíveis fósseis como os derivados de petróleo e o carvão mineral são, de longe, as maiores fontes desses gases. 

Em um comunicado divulgado em novembro do ano passado, a OMM já alertava que a Europa apresentava um ritmo de aquecimento de 0,5º C por década. De acordo com os cientistas isso acontece em função da localização do continente ser muito próxima do Ártico, a região de aquecimento mais rápido do planeta. 

Esse aumento das temperaturas vem amplificando ondas de calor, secas, incêndios florestais e problemas de saúde nas populações. De acordo com a base de dados da OMM, fenômenos meteorológicos, hidrológicos e climáticos afetaram diretamente 156 mil pessoas de provocaram 16.365 mortes na Europa em 2022. Desse total de mortes, 99,6% foram provocadas por ondas de calor. 

Quase 2/3 dos problemas foram provocados por tempestades e enchentes, eventos ligados diretamente as altas temperaturas. Somente em prejuízos econômicos, esses eventos causaram perdas de US$ 2,13 bilhões em 2022. 

O verão de 2022, foi considerado o mais quente da história da Europa, afetando principalmente países como Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suíça. 

Ondas de calor marinhas severas e extremas foram relatadas em diversas regiões dos mares Mediterrâneo, Negro e Báltico em 2022. As temperaturas médias das águas superficiais do Atlântico Norte também foram as mais quentes já registradas. Geleiras de cadeias montanhosas como os Alpes e Pirineus apresentaram os maiores níveis de derretimento da história. 

Segundo a OMM, as geleiras da Europa perderam um volume equivalente a 880 km³ de gelo desde 1997. Esse problema vem sendo agravado pela redução da precipitação de neve em muitas cadeias de montanha. 

Episódios de secas também são cada vez mais intensos. A Península Ibérica está enfrentando o quarto ano consecutivo de secas e regiões montanhosas dos Alpes e dos Pirineus estão entrando no terceiro ano com esse problema. 

A França, em 2022, enfrentou a sua pior seca desde 1976, entre os meses de janeiro e setembro. No caso do Reino Unido, esse período de secura grave se estendeu entre os meses de janeiro e agosto. Massas de ar muito quentes vindas do Deserto do Saara são as responsáveis por essas secas. 

Um dos únicos pontos positivos apresentados nesse relatório foi o aumento da produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, que atingiu a marca de 22,3%, contra uma participação de 20% das usinas termelétricas a gás. Essa foi a primeira vez que as fontes renováveis conseguiram essa façanha. 

Muitos “euroambientalistas” vão querer jogar a responsabilidade dessa imensa catástrofe ambiental na “conta” das queimadas e na destruição da Floresta Amazônica. Infelizmente, os países europeus figuram entre os maiores responsáveis por esse desastre, especialmente por causa da queima de grandes volumes de carvão mineral, o que cresceu muito a partir da Revolução Industrial iniciada em meados do século XVIII. 

Nós, os “vilões” brasileiros, produzimos mais de 80% da energia elétrica que consumimos a partir de fontes renováveis e começamos a “queimar” a Amazônia a menos de 50 anos. Nossa responsabilidade dentro desse cenário catastrófico é bem pequena… 

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