AS NOVAS AERONAVES SUSTENTÁVEIS QUE EM BREVE VÃO ESTAR VOANDO

Na última postagem falamos da perspectiva nada confortável do aumento da intensidade das turbulências que afetam as viagens aéreas. E a culpada, para variar, são as mudanças climáticas que já estão acontecendo por todos os cantos de nosso planeta. 

Como turbulências mais severas serão inevitáveis nos próximos anos, os grandes fabricantes de aeronaves vão precisar sentar-se nas pranchetas (virtuais é claro) e queimar muitos neurônios até que consigam criar aeronaves com estruturas mais reforçadas para dar conta “do tranco”. 

Falando em fabricante de aviões, esse é um pessoal que vem trabalhando fortemente para desenvolver novas tecnologias de motores e sistemas de propulsão cada vez mais afinados com as novas demandas de sustentabilidade ambiental. Os motores e turbinas usados atualmente são altamente poluentes e muito barulhentos. 

Entre as novas propostas destacam-se os aviões movidos com motores elétricos e com hidrogênio. Uma das empresas que vem desenvolvendo esses novos modelos é a brasileira Embraer. Aliás. A empresa trabalha em toda uma nova linha de aviões com propulsão híbrida-elétrica- a família Energia. 

Apresentada no final de 2021, a família Energia prevê incialmente quatro modelos de aeronaves: duas aeronaves com capacidade para nove passageiros, sendo um modelo com propulsão híbrida-elétrica e outro totalmente elétrico. Um outro modelo de aeronave que utiliza células de hidrogênio e com capacidade para dezenove passageiros. Por fim, uma aeronave com turbinas alimentadas por hidrogênio e capacidade entre 35 e 50 passageiros. 

De acordo com informações da Embraer, a empresa inicialmente está se concentrando no desenvolvimento de duas aeronaves elétricas híbridas – o E19-HE de 19 lugares e o E30-HE de 30 lugares, e de duas aeronaves que vão utilizar células de hidrogênio – o E19-H2FC de 19 lugares e o E30-H2FC de 30 lugares. Esses aviões só estarão voando na década de 2030. 

Um outro projeto bem interessante da empresa é uma nova linha de aviões turboélices com capacidade entre 70 e 90 passageiros. Uma característica marcante desses novos aviões é a localização dos motores, que ficam presos na cauda do aparelho. Segundo a Embraer, essa configuração vai facilitar a transição energética desses aviões para o uso de hidrogênio no futuro – o cilindro para armazenar o combustível vai ficar na parte de trás do avião, bem perto dos motores. 

Para quem acha que esses novos projetos ainda vão demorar muito, saiba que já existem aeronaves elétricas em estágio bastante avançado de desenvolvimento. Uma das mais promissoras é o Alice, uma aeronave experimental para até 9 passageiros que tem um diferencial muito particular – seus dois motores são alimentados 100% por energia elétrica.   

Esse projeto está sendo desenvolvido pela Eviation Aircraft, uma empresa de Israel. O protótipo realizou seu primeiro voo em setembro de 2022, decolando do Aeroporto Internacional Grant County, em Washington nos Estados Unidos. O avião utiliza um sistema de baterias semelhantes às usadas em carros elétricos e tem autonomia para voar até 800 km. 

Um outro segmento de produtos aeronáuticos altamente sustentáveis e que deverão entrar em operação nos próximos anos são os EVTOL – pequenas aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical movidas por energia elétrica. A maioria dos projetos em desenvolvimento tem capacidade para transportar entre 4 e 6 passageiros. 

A brasileira Embraer, através da sua subsidiária Eve, está trabalhando num modelo com capacidade para transportar 4 passageiros e 1 piloto (no futuro, essa aeronave poderá funcionar com pilotagem totalmente automática). Totalmente elétrica, essa nova aeronave está sendo prometida já para 2026, para uso em rotas com distâncias entre 80 e 200 km, principalmente dentro de grandes áreas urbanas (vide foto). 

Um outro projeto – que inclusive já está fazendo testes de voo, é o alemão Lilium. Essa aeronave tem capacidade para transportar 1 piloto e até 7 passageiros. O modelo utiliza um conjunto de 30 pequenos motores a jato elétricos, com um alcance de até 300 km. 

Essa tendência de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical é tão forte que até a gigante da aviação Airbus, maior fabricante de aviões do mundo, está trabalhando no desenvolvimento de um modelo – Airbus CityAirbus. A responsável pelo desenvolvimento do produto é a sua subsidiária Airbus Helicopters

O primeiro protótipo vou pela primeira vez em 2019, atingindo uma velocidade de 175 km/h. A proposta do grupo europeu é chegar a um produto com capacidade para 4 passageiros e 1 piloto. Observem que a responsável pelo desenvolvimento do produto é justamente a divisão de helicópteros do grupo – os Evtol são concorrentes diretos dos helicópteros. 

O maior obstáculo dessas novas aeronaves elétricas são as baterias – os modelos disponíveis hoje no mercado são extremamente pesados para o uso aeronáutico e tem uma capacidade de carga ainda bastante limitada. Existe uma verdadeira corrida entre os fabricantes para o desenvolvimento de novos tipos de baterias mais leves e com altíssima potência. 

Nos modelos de aeronaves com motores a hidrogênio o maior obstáculo atualmente é a segurança do voo. O hidrogênio é um gás altamente explosivo, o que vai exigir a utilização de tanques de armazenamento bastante sofisticados. Um exemplo clássico dos riscos do hidrogênio foi o caso do dirigível Hindenburg, que explodiu durante os procedimentos de pouso na base naval de Lakehurst em Nova Jersey, nos Estados Unidos, em 1937. 

O Hindenburg, que foi transformado em um verdadeiro ícone da indústria alemã e propaganda do regime nazista, tinha 245 metros de comprimento e utilizava um volume de 200 mil m³ de hidrogênio. Essa aeronave contava com uma tripulação entre 40 e 61 membros, e podia transportar confortavelmente até 72 passageiros. No acidente morreram 13 passageiros, 22 tripulantes a bordo e 1 técnico em solo. 

Apesar das dificuldades técnicas atuais, o hidrogênio é uma das grandes apostas como um combustível sustentável do futuro, especialmente o chamado hidrogênio verde, que poderá ser produzido utilizando fontes de energia renováveis como a eólica e a fotovoltaica. 

Os próximos anos, apesar das perspectivas de aumento das turbulências, com toda a certeza trarão excelentes opções de viagens aéreas com poluição zero e muita sustentabilidade. 

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