ACONTECEU DE NOVO: MANCHAS DE ÓLEO ATINGEM 64 PRAIAS DO CEARÁ

Ao menos 64 praias do litoral do Ceará estão apresentando sinais de contaminação por óleo de acordo com um levantamento feito pela SEMACE – Secretaria do Meio Ambiente do Ceará, que foi divulgado no último dia 11 de fevereiro. Nessa segunda-feira, dia 14, será divulgado um novo relatório com atualizações. 

As primeiras informações sobre manchas de óleo em praias cearenses começaram a circular no dia 25 de janeiro. As manchas foram avistadas primeiro na famosa praia de Canoa Quebrada, no município de Aracati. Depois foram feitos registros em Fortaleza, Aquiraz, Fortim e Beberibe. 

O Governo do Ceará acionou equipes de diversos órgãos para remover o óleo das praias o mais rápido possível. Segundo as informações já divulgadas, cerca de 4 mil litros de óleo foram coletados nas praias de Aracati, Fortaleza, Caucaia e Trairi. Nessa segunda-feira, dia 14, será feita a limpeza de praias em Aquiraz e Fortim. 

Desde o dia 11, um avião de patrulha marítima Poseidon P3 da Força Aérea Brasileira, aeronave equipada com diversos sensores especializados para detecção de vazamentos de óleo no mar, está sobrevoando a costa dos Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte em busca de pistas sobre a origem do vazamento. O IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, através da Coordenação Geral de Emergências Ambientais, está a frente dessas operações. 

Esses vazamentos coincidem com a época da desova de várias espécies de tartarugas marinhas nessa região, o que é uma preocupação a mais para as autoridades. O Governo local fez um pedido para a população entrar em contato com o Instituto Verdeluz caso encontrem tartarugas vivas, mortas ou em ninhos. Caso os animais estejam cobertos por óleo, a orientação é o contato com Aquasis, uma organização não governamental. 

A Marinha do Brasil e o Instituto de Ciências do Mar da UFC – Universidade Federal do Ceará, estão trabalhando com o objetivo de descobrir a origem dessas manchas de óleo. Amostras foram coletadas e analisadas em laboratório – os resultados indicam que o óleo encontrado não é do mesmo tipo encontrado em uma extensa faixa do litoral nordestino em 2019. 

Em 30 de agosto de 2019, grandes manchas de óleo foram encontradas nas praias de Tambaba, Jacumã e Gramame, no litoral da Paraíba. Ao longo das primeiras semanas de setembro, outras manchas passaram a surgir ao longo de uma faixa de 2 mil km, atingindo praias nos Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.  

Vestígios de óleo chegaram até o Arquipélago de Abrolhos, no Sul da Bahia, e em praias dos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Esse incidente é considerado como o maior desastre ambiental em águas territoriais brasileiras. 

Uma das grandes preocupações há época eram os manguezais e arrecifes, biomas encontrados em toda a costa da Região Nordeste e que são fundamentais para a reprodução de peixes, crustáceos e moluscos. Esses dois biomas são as “maternidades” do oceano e a maior parte das espécies marinhas dependem de sua preservação para continuar sobrevivendo. 

Segundo estudos científicos, cerca de 70% das espécies marinhas utilizadas para alimentação humana, onde se incluem peixes, siris, camarões, lagostins, caranguejos, entre outras espécies, dependem das áreas de mangue para a sua reprodução.  

No caso dos recifes de coral ou arrecifes como se diz no Nordeste, as estimavas afirmam que 50% de todas as espécies de peixes do mundo vivam nesse tipo de formação, onde encontram alimentos e áreas abrigadas para a reprodução. Esses números nos dão uma ideia dos riscos de derramamentos de óleo nas águas dessa região. 

Depois de mais de dois anos de investigação, a Polícia Federal concluiu que os vazamentos de óleo ocorridos em 2019, foram causados por um navio petroleiro de bandeira grega. A embarcação seguia da Venezuela para a África do Sul quando houve o vazamento de mais de 5 mil toneladas de petróleo em uma área a cerca de 700 km da costa do Nordeste. 

Os responsáveis pelo acidente – a empresa proprietária do navio, seus representantes legais, o comandante e o engenheiro-chefe, foram acusados dos crimes de poluição ambiental, não cumprimento das obrigações ambientais e danos às reservas naturais. Medicas jurídicas cabíveis vem sendo tomadas contra esses responsáveis desde ventão. 

Esses novos derramamentos de óleo ainda continuam sendo um mistério e serão necessárias extensivas investigações até que se identifique os responsáveis. Assim como acontece com os aviões, navios cargueiros e petroleiros são obrigados a utilizar o transponder, um equipamento que transmite sinais de rádio indicando a localização das embarcações. 

A Marinha do Brasil monitora todos as embarcações que navegam em águas territoriais brasileiras através dos sinais dos transponders. Utilizando modelos matemáticos que simulam a velocidade e o rumo das correntes marítimas é possível se determinar quais os navios petroleiros que passaram numa determinada região e que podem ter sido os responsáveis pelo vazamento. 

Existe, porém, um problema aqui – nos últimos anos tem crescido o número de navios petroleiros e cargueiros “piratas”, ou seja, que desligam o transponder para não serem detectados. Essas embarcações são contratadas por países que estão sob embargo econômico e que se valem dessa estratégia para tentar enganar as autoridades internacionais. Esse artifício poderá complicar as investigações.

Como trabalham na ilegalidade, essas embarcações também não costumam seguir os procedimentos de segurança para o transporte de cargas perigosas como o petróleo. Tão pouco costumam ter em seus quadros de funcionários gente especializada para esse tipo de trabalho. Acidentes com esses tipos de embarcações não são incomuns. 

Em 2019, as equipes de limpeza que trabalharam nas áreas atingidas em toda a costa da Região Nordeste recolheram mais de 4,5 mil toneladas de óleo. Vamos ver qual será o tamanho dessa nova tragédia. 

O petróleo e seus derivados são de extrema importância para a humanidade e, mesmo com a crescente adoção de combustíveis renováveis, eles terão relevância por muito tempo. É preciso que países e organismo internacionais se esforcem ainda mais para tornar o transporte desses produtos – especialmente pela via marítima, cada vez mais seguros. 

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