No final da década de 1970 foi desenvolvido um polímero superabsorvente, com capacidade de absorver até 800 vezes o seu peso em água – o nome deste “milagre da química”: poliacrilato de sódio ou floc gel, um nome bem conhecido por todos nós. Um material com essas características não tardou a encontrar as mais diferentes aplicações práticas, com destaque em produtos de higiene como fraldas infantis e geriátricas e em absorventes femininos, além de aplicações na agricultura e na área de segurança ambiental; em anos mais recentes o floc gel conquistou sua participação no mercado dos animais de estimação, em fraldas e tapetes higiênicos para os pets.
A tecnologia de fabricação dos produtos de higiene a base de floc gel é basicamente a mesma: uma camada exterior de polietileno sintético, que é um derivado de petróleo, e uma camada interna de papel de alta absorção recheado com floc gel; o liquido atravessa a camada de polietileno, que é totalmente perfurada, sendo rapidamente absorvido pelo papel e armazenado a seguir pelo floc gel. O mecanismo de absorção do floc gel é a osmose – relembrando as aulas de química: a pressão osmótica faz o poliacrilato de sódio absorver o líquido para equilibrar a concentração de íons sódio dentro e fora do polímero.
Apesar de toda a praticidade e segurança contra os vazamentos, os produtos com floc gel representam um grande problema ambiental – diferente do papel higiênico, feito com papel extremamente macio e de rápida desintegração, o tempo de decomposição de qualquer produto com floc gel na natureza é calculado em 500 anos.
Uma única criança, entre o nascimento e a fase onde não precisará mais usar o “acessório”, poderá utilizar até 3.000 fraldas, o que vai resultar em um volume de resíduos a ser descartado de 120 quilogramas de polietileno e entre 200 e 400 quilogramas de pasta de papel com floc gel; temos que considerar também que a mãe e outras mulheres da casa utilizarão e descartarão quantidades de absorventes higiênicos – havendo animais de estimação na residência, haverá também o descarte de fraldas e/ou tapetes higiênicos.
Além de representar uma fatia considerável do volume total de resíduos sólidos, os produtos higiênicos com floc gel apresentam um complicador a mais – não existem tecnologias de reciclagem destes produtos disponíveis aqui no Brasil; na Inglaterra, por exemplo, já existe uma usina especializada na reciclagem destes produtos e o governo britânico está construindo mais três usinas estrategicamente distribuídas no território. Os diferentes materiais são separados, lavados e processados, fornecendo matéria prima para a fabricação de telhas e capacetes para ciclistas entre outros produtos. Segundo informações publicadas pela BBC – British Broadcasting Corporation, emissora pública de rádio e televisão do Reino Unido, o custo de cada uma destas usinas é US$ 17 milhões.
Aqui no Brasil, por falta de instalações similares e pela falta total de planos para a construção das mesmas, o destino dos resíduos com floc gel são os aterros e lixões, condenados à sina da acumulação sem fim de resíduos, até que as leis da física cobrem o seu preço e se atinjam os níveis de saturação.
Quando alguém se acostuma com a praticidade e higiene ímpar proporcionada pelas fraldas, absorventes e demais produtos que utilizam o mágico “pó de pirlimpimpim” que faz os líquidos sumirem, é difícil imaginar um retorno para as fraldas laváveis de algodão ou, pior ainda, para os paninhos ou toalhinhas que as mulheres do passado eram obrigadas a usar durante seus ciclos menstruais. Existem algumas opções de produtos “sustentáveis” que utilizam papéis e plásticos biodegradáveis, o que resolve em parte o problema.
Quando consideramos os volumes de recursos desviados dos orçamentos públicos em todos os níveis, mostrados dia após dia nas manchetes dos jornais e telejornais, fatos que nos enchem de indignação, verificamos que nosso país teria plenas condições de implantar algumas destas usinas de reciclagem de resíduos com floc gel, o que garantiria uma sobrevida importante a muitos aterros que estão em vias de saturação.
Que essas informações ajudem de alguma forma na nossa busca por soluções para esses resíduos. Até mais ver!
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