
No início desse mês de agosto, por volta das 6h15 da manhã, os moradores de um grande conjunto de apartamentos na cidade de Incheon, na Coréia do Sul, foram acordados com uma forte explosão seguida de um grande incêndio em uma garagem subterrânea de um dos prédios.
Mais de 200 moradores tiveram de ser evacuados em meio a uma fumaça altamente tóxica – ao menos 20 pessoas, incluindo na conta 7 crianças, tiveram de ser encaminhadas para atendimento hospitalar.
De acordo com imagens do circuito interno (vide foto acima), um automóvel Mercedes Bens elétrico que estava estacionado no local explodiu espontaneamente, destruindo ao menos 140 outros carros que estavam estacionados no local. O forte incêndio que se seguiu durou cerca de oito horas e foram necessários 117 bombeiros para controlar as chamas. Além da destruição dos veículos, o incidente provocou danos na estrutura do edifício.
Esse condomínio possui cerca de 1.500 apartamentos e esse incidente ajudou a acirrar as preocupações de muitos sul-coreanos sobre a insegurança criada por veículos elétricos estacionados nos subterrâneos dos edifícios. Existem, inclusive, propostas de lei no país para a proibição desses veículos nesses locais.
Um outro incidente grave do mesmo tipo aconteceu em julho de 2023, quando um navio transportando cerca de 3 mil veículos pegou fogo na costa da Holanda e causou um prejuízo estimado em R$ 1,6 bilhão. Os peritos suspeitam que o incêndio foi iniciado pela explosão da bateria de um dos carros elétricos que estavam sendo transportados na carga.
Notícias desse tipo, desgraçadamente, estão se tornando cada vez mais comuns nas manchetes dos veículos de comunicação e tem causado enormes preocupações para os proprietários de veículos elétricos e populações de cidades em todo o mundo. Os fabricantes se defendem e afirmam que os veículos são extremamente seguros – apenas 25 a cada 100 mil veículos elétricos produzidos sofrem com esse tipo de problema.
Normalmente, tais incidentes tem origem no sistema de baterias dos veículos e são provocados por falhas no sistema de recarga ou por problemas de controle de qualidade na fabricação das baterias. Produtos como telefones celulares e computadores portáteis, que também são alimentados por baterias, também estão sujeitos ao mesmo problema.
De acordo com os especialistas, as baterias estão sujeitas a desgastes conforme o tempo de uso, o que pode resultar em curtos-circuitos, sobrecargas ou simplesmente a intensificação de problemas de fabricação. Esses problemas podem resultar na combustão de produtos químicos e metais usados na construção do dispositivo, o que por sua vez pode resultar em explosão e incêndio do veículo.
As preocupações ambientais, especialmente em relação ao aumento das temperaturas globais e mudanças climáticas, colocaram os veículos elétricos em destaque nos últimos anos. Anunciados como uma “solução” para combater as emissões dos temidos GEE – Gases de Efeito Estufa, dos motores a combustão interna, esses novos veículos caíram no gosto popular.
A Tesla, uma das maiores fabricantes de veículos elétricos do mundo, é um dos melhores exemplos do sucesso desses produtos. A empresa norte-americana tem uma capacidade de produção anual estimada em 2,35 milhões de veículos em fábricas no Estados Unidos, Alemanha e China.
Outro destaque da área é a chinesa BYD. Em 2023, a empresa vendeu 3,02 milhões de veículos. Os planos de expansão da empresa incluem a construção de duas novas fábricas – uma na Turquia e outra na Hungria.
Os “milagrosos” carros elétricos, conforme já tratamos em diversas postagens aqui do blog, apesar de todas as suas credenciais de “amigos da sustentabilidade”, carregam sobre suas rodas uma série de problemas ambientais graves.
Os problemas começam na fabricação das problemáticas baterias, que dependem da disponibilidade de elementos raros como o lítio, o metal mais leve que existe na natureza. Graças ao baixo peso e a sua boa condutividade elétrica, o lítio passou a ser uma excelente opção para a fabricação de baterias.
A extração do lítio é extremamente problemática, gerando uma grande quantidade de rejeitos minerais tóxicos e elementos nocivos como o ácido clorídrico. Outro grave problema ambiental é o alto consumo de água – cerca de 2 milhões de litros para cada tonelada do metal.
Outro problema ambiental grave é descarte das baterias velhas ou danificadas – já existem tecnologias que permitem a recuperação de até 98% do lítio, porém, o processo é caro e são poucas as empresas que realizam esse trabalho. A maioria das baterias descartadas acaba indo para aterros e depósitos sanitários.
Também precisamos lembrar dos problemas criados para a geração da energia elétrica usada na recarga das baterias – cerca de metade das unidades geradoras de energia elétrica do mundo dependem da queima de combustíveis fósseis como o carvão e derivados de petróleo. Ou seja – grande parte dos veículos elétricos utiliza eletricidade de origem “suja” em sua recarga.
O mais novo e complicado problema é a explosão de automóveis e ônibus elétricos em ruas e garagens de grandes cidades. As manchetes e as imagens desses incêndios estão, literalmente, “queimando o filme” de muitas marcas e modelos de veículos elétricos.
Lembro aqui que carros elétricos chegaram a ser bastante populares no início do século XX. Cerca de 38% dos veículos fabricados em 1900 eram elétricos. Assim como está acontecendo agora, os antigos modelos tinham graves problemas em suas grandes baterias de chumbo-ácido – muitos carros, inclusive, explodiam. O melhor rendimento e maior segurança dos motores a combustão interna acabou por destruir a antiga indústria dos carros elétricos.
Torçamos para que a história não se repita nos dias de hoje.
