A “ILHA DE PLÁSTICOS” DO OCEANO PACÍFICO, OU O 7º CONTINENTE 

Em meio as grandes preocupações com as queimadas e a destruição da Floresta Amazônica ou o aumento das temperaturas globais, temas esses que dominam os meios de comunicação e as discussões nas redes sociais, uma gigantesca ameaça ambiental cresce silenciosamente dia após dia em uma região remota do Oceano Pacífico. 

Falamos aqui da “ilha de plásticos”, um gigantesco aglomerado de resíduos dos mais diversos tipos de plásticos, que flutua numa extensa área do Oceano Pacífico entre a Califórnia, Estado da Costa Oeste dos Estados Unidos, e as ilhas do Havaí. 

De acordo com as mais recentes medições, essa “ilha” flutuante está ocupando uma área equivalente a 1,6 milhão de km², equivalente ao território do Estado do Amazonas ou algo como três vezes a área da França. Especialistas afirmam que essa massa é formada por aproximadamente 1,8 trilhão de pedaços de plásticos, com um peso estimado em 80 mil toneladas. Em alguns pontos, essa massa tem 10 metros de espessura. 

Essa “ilha” foi descrita pela primeira vez pelo oceanógrafo norte-americano Charles Moore em 1997. O pesquisador concluiu que aquela região ficava no ponto de encontro de diversas correntes oceânicas, onde se formava uma espécie de redemoinho que atrai e concentra os resíduos plásticos na região. O volume de resíduos foi calculado na época em 4 mil toneladas. 

Um estudo posterior publicado na prestigiada revista científica Nature afirmou que 94% da massa flutuante era formada por resíduos plásticos pequenos, especialmente fragmentos de embalagens plásticas. Uma grande quantidade de pedaços de redes de pesca também foi encontrada junto aos fragmentos. Outro destaque dessa massa de resíduos são as sacolas plásticas distribuídas em supermercados e lojas. 

Esse estudo também mostrou que 2/3 dos fragmentos recolhidos apresentava caracteres chineses e japoneses impressos. Também foi possui rastrear a origem de grande parte dos fragmentos – além da China e do Japão, a lista inclui fragmentos originários do México, Taiwan, Filipinas, Canadá, Chile, Colômbia, Alemanha, Itália e Venezuela, entre outros. 

Uma das maiores ameaças representadas por esse tipo de resíduo são os chamados microplásticos, fragmentos muito pequenos que são ingeridos pelas espécies marinhas. Segundo um relatório de 2016 publicado pela FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação, cerca de 800 espécies de peixes, crustáceos e moluscos presentes na alimentação humana estão contaminados por microplásticos. 

Os problemas não param por aí – um estudo feito pela organização ambiental internacional Greenpeace em 2018, em parceria com a Universidade Nacional de Incheon, da Coréia do Sul, concluiu que 90% do sal de origem marinha vendido no mundo está contaminado por resíduos microscópicos de plástico. 

Essa “anomalia” geográfica não é uma exclusividade do Oceano Pacífico – existem, entre muitas outras, uma grande formação similar no Mar do Caribe e outra no Oceano Indico, bem memores em área, mas tão nocivas quanto. Isso demonstra que a poluição dos mares por resíduos plásticos é um problema global. 

E tem mais – especialistas estimam que até 10% das 100 milhões de toneladas de plásticos produzidas anualmente em nosso planeta acabem chegando aos oceanos, jogadas diretamente nas águas por cidades costeiras ou por despejo de navios ou arrastadas do interior dos continentes através dos sucessivos rios das bacias hidrográficas. 

Estudos do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, indicam que existem atualmente 18 mil fragmentos visíveis de plásticos flutuando em cada quilômetro de mar – é indeterminada a quantidade de resíduos que está submersa nos oceanos.  

Os oceanos são fundamentais para todos nós. Além de ser uma enorme fonte de alimentos para muita gente, as águas oceânicas são o verdadeiro pulmão de nosso planeta – cerca de 51% do oxigênio presente na atmosfera terrestre é gerado pelas algas e microalgas oceânicas. Não custa lembrar que o oxigênio é essencial para a existência a vida no planeta Terra. 

Ou seja – a humanidade até consegue sobreviver sem peixes, moluscos e crustáceos capturados nos oceanos. Com algum esforço também é possível substituir o sal oceânico pelo produto encontrado em minas terrestres e salares espalhados por todos os cantos do planeta. 

Agora, sem oxigênio, seres humanos e outras formas de vida não sobrevivem nem por 5 minutos… 

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