AS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA E NO PANTANAL, OU FALANDO DA HIPOCRISIA DOS AMBIENTALISTAS 

No final da tarde do dia 19 de agosto de 2019, nós paulistanos fomos surpreendidos com o brusco escurecimento do céu e com uma chuva torrencial atípica para a época. Não tardaram a surgir relatos de moradores de diversas partes da cidade falando de uma “chuva negra”, onde a água tinha o aspecto parecido com chá mate ou café fraco. 

Nos telejornais da noite, meteorologistas passaram a informar que uma frente fria que chegou pelo Oceano Atlântico trouxe fortes ventos com umidade para a região do Planalto de Piratininga. Esses ventos úmidos se encontraram com fortes correntes de vento seco vindas do Sudoeste da Amazônia, da Bolívia e do Paraguai, regiões que estavam ardendo com grandes focos de queimadas. Foi a fuligem e as cinzas dessas queimadas que se precipitou junto com as águas das chuvas sobre a cidade de São Paulo, criando essa verdadeira “chuva negra” paulistana. 

Nos dias que se seguiram, políticos, ambientalistas, artistas e famosos do mundo inteiro passaram a alardear pelos quatro cantos que a Amazônia estava sendo transformada em cinzas pelo Governo brasileiro. De memória, posso citar Emmanuel Macron, Presidente da França, que fez postagens nas redes sociais onde foram usadas fotos de antigas queimadas na Amazônia (inclusive, o fotógrafo responsável já havia falecido há época). 

Outro que passou vexame foi o jogador de futebol Cristiano Ronaldo – suas postagens usaram fotos de queimadas na região dos Pampas Sulinos. Também preciso citar o ator Leonardo de Caprio e uma adolescente sueca, ainda pouco conhecida naquela época, Greta Thunberg

Da destruição iminente do “pulmão do mundo” aos riscos de extinção das “girafas da Amazônia”, todas essas vozes afirmavam que a culpa por toda essa destruição era única e exclusiva do Governo de “ultradireita” que estava no poder. Problemas climáticos sazonais como a seca e as altas temperaturas não eram sequer lembrados por esses críticos. 

Passados quase seis anos, as queimadas na Região Amazônica brasileira estão batendo recordes sucessivos em relação a anos anteriores. Notícias restritas a alguns poucos canais jornalísticos e redes sociais informam que a cidade de Manaus está coberta por nuvens de fumaças dessas queimadas há vários dias. 

Outro bioma que está ardendo de forma descontrolada é o Pantanal Mato-grossense. Relatos de algumas autoridades ambientais afirmam que uma área de tamanho equivalente ao Líbano ou a Irlanda do Norte já foi consumida pelas chamadas. Além da destruição da vegetação, as chamas estão matando milhares de animais. 

Diante dessa fabulosa tragédia ambiental “nunca vista na história deste país”, todos os antigos defensores do meio ambiente de outrora estão mais calados do que nunca. A grande mídia está num silêncio vergonhoso e o Governo atual se limita a falar, de forma bastante envergonhada, que a culpada pela situação atual é a grande seca que está sendo provocada pelo fenômeno climático global El Niño. 

Em espanhol. El Niño significa “o menino”. Esse fenômeno climático tem reflexos em todo o mundo e se caracteriza por um aquecimento anormal e persistente das águas superficiais do Oceano Pacífico ao longo da Linha do Equador. Em média, as águas nessa faixa do oceano ficam 0,5º C mais quentes por um período entre seis meses e dois anos durante a duração do fenômeno.    

Aqui na América do Sul, o surgimento do El Niño pode resultar em períodos de seca na região Centro-Norte – justamente onde encontramos o Pantanal e a Floresta Amazônica, além de maior umidade na região Sul. Na Argentina, o fenômeno tende a provocar chuvas mais intensas. As chuvas torrenciais que devastaram o Rio Grande do Sul recentemente podem ser colocadas na conta do El Niño

Só para lembrar – o El Niño tem uma “irmã” – La Niña, ou “a menina” em espanhol, um outro fenômeno climático global, porém, com consequências bem diferentes. 

Comparada à situação “apocalíptica” de 2019, as queimadas atuais na Amazônia e no Pantanal são muito maiores e mais devastadoras. Cadê a gritaria dos “defensores do meio ambiente”? 

A pergunta é sempre retórica e vamos continuar repetindo. 

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