
O Estado do Rio Grande do Sul vem sendo castigado por fortíssimas chuvas nos últimos dias. De acordo com os últimos dados divulgados pela Defesa Civil do Estado já foram contabilizados 83 mortos, 276 feridos e 111 desaparecidos. Essa já está sendo considerada a mais grave tragédia climática já vivida pelo Estado.
Ao todo, 345 dos 496 municípios gaúchos foram afetados direta ou indiretamente pelas chuvas. Além de todos os transtornos provocados por enchentes, há relatos de desmoronamentos de encostas e soterramento de casas em áreas urbanas, além de bloqueios totais ou parciais em 163 estradas no Rio Grande do Sul. Centenas de milhares de pessoas estão sofrendo com o corte nos serviços de abastecimento de água, energia elétrica e de telefonia.
Cerca de 100 municípios estão entre os mais fortemente afetados pela tragédia. Aqui destacamos cidades como São Francisco de Paula, Canela, Nova Petrópolis, Feliz, Roca Sales, Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Vera Cruz, Venâncio Aires, Triunfo, Gravataí, Taquara, São Jerônimo e Canoas.
Canoas é, de longe, uma das cidades mais castigada pelas águas. De acordo com os últimos relatórios, cerca de 60% do território da cidade, que tem uma área de 131 km², está coberta pelas águas da enchente. Essa área corresponde a aproximadamente 11 mil campos de futebol.
O Rio Grande do Sul é o Estado mais meridional do Brasil e ocupa uma área total de 281 mil km², abrigando uma população de aproximadamente 11 milhões de habitantes. Cerca de 80% dessa população vive nas áreas mais fortemente afetadas pelas chuvas.
Falando grosso modo, o Rio Grande do Sul pode ser dividido em dois grandes sistemas hidrográficos: as faixas Oeste e Norte onde encontramos a bacia hidrográfica do rio Uruguai; e as faixas Leste, Central e Sul, onde existem diferente bacias hidrográficas cujas águas correm diretamente na direção do Oceano Atlântico.
O rio Uruguai nasce na Serra Geral na divisa entre os Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. O rio percorre cerca de 1770 km, primeiro no sentido Oeste e depois no sentido Sul, até atingir sua foz no Rio da Prata na Argentina bem próximo do delta do rio Paraná.
Nas faixas Central e Leste do Estado encontramos as bacias hidrográficas de rios como o Jacuí, dos Sinos, Gravataí. Ibicuí e Caí, justamente as regiões mais afetadas pelas fortes chuvas. Uma particularidade dessas bacias hidrográficas é o fato de todas desaguarem diretamente nas águas do Lago Guaíba, na região onde encontramos a Região Metropolitana de Porto Alegre.
No último domingo, dia 5 de maio, o nível do Guaíba atingiu a marca de 2,3 metros acima da cota de inundação. Como resultado, toda a área central de Porto Alegre está inundada, uma situação de deverá ser mantida enquanto as águas das chuvas continuarem fluindo na direção do Lago Guaíba.
De acordo com informações dos serviços de meteorologia, essas fortes chuvas são o resultado da combinação de, pelos menos, três condições climáticas: intensas correntes de vento, um intenso corredor de umidade vindo da Amazônia e um forte bloqueio atmosférico.
Só para refrescar a memória dos leitores do blog: a incidência do fenômeno climático El Niño provoca, entre inúmeras outras alterações no clima mundial, um aumento das chuvas no Sul do Brasil, na Argentina e no Uruguai. E o El Niño atual é um dos mais fortes das últimas décadas e pode ser um dos grandes responsáveis por chuvas bem acima da média no Sul do Brasil.
Lamentavelmente, a combinação de todos esses fatores climáticos naturais e as consequentes tempestades no Rio Grande do Sul estão sendo usadas politicamente da forma mais mesquinha possível. Um exemplo foi a declaração da atual Ministra do Meio Ambiente numa entrevista, onde o ex-presidente da República foi categoricamente culpado pela tragédia.
Mudanças climáticas, é claro, podem ter dado a sua contribuição para a magnitude da situação – a responsabilidade aqui é coletiva de toda a humanidade e vem sendo intensificada desde o início da Revolução Industrial em meados do século XVIII.
Nesse momento de tragédia, onde pessoas estão correndo risco de vida, precisamos deixar esse tipo de picuinha de lado e todos precisamos nos concentrar em ajudar nossos irmãos gaúchos com urgência.
Todo o resto é simplesmente resto…

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