
Uma gigantesca tragédia climática atingiu a Líbia nas últimas horas – grandes áreas do país foram, literalmente, “varridas do mapa” por uma forte tempestade. As últimas informações do Governo local já falam em mais de 5 mil mortos e 10 mil desaparecidos.
O país foi atingido pela tempestade Daniel no último domingo, dia 10 de setembro, e as fortes chuvas provocaram o rompimento de duas antigas barragens na região Nordeste do país. A forte correnteza atravessou extensas áreas já inundadas provocando uma enorme destruição.
Uma das cidades mais devastadas pela força das águas foi Derna, onde cerca de 6 mil pessoas estão desaparecidas de acordo com informações de Othman Abduljalil, ministro da Saúde do governo apoiado pelo parlamento oriental da Líbia.
Segundo o chefe da delegação das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Tamer Ramadan, afirmou em uma conferência de imprensa em Genebra, na Suíça, “o número de mortos é enorme e cerca de 10 mil estão desaparecidos”.
De acordo com as descrições de jornalistas da Líbia, estão sendo encontrados corpos de vítimas espalhados por todos os lugares. Existem famílias inteiras presas sob os escombros de edificações que desabaram. As forças de segurança e de emergência do país, que vive sob uma frágil coalizão política, estão se desdobrando para atender as vítimas da melhor maneira possível.
Só para contextualizar, a Líbia passou por um longo período ditatorial sob o comando de Muammar al-Gaddafi, que governou o país como Presidente Revolucionário da República Árabe Líbia de 1969 a 1977 e depois como “Líder Fraternal” da Grande Jamahiriya Árabe Popular Socialista da Líbia de 1977 a 2011.
Como sempre costuma ocorrer nesses casos, ditadores criam enormes estruturas de controle e repressão popular para se manter no poder, deixando preocupações com o bem-estar da população de lado ou em um plano muito secundário. Gaddafi foi derrubado por um levante de militares e civis líbios com apoio de forças internacionais lideradas pela França, Estados Unidos e Inglaterra. O antigo líder líbio acabou sendo preso em 20 de outubro de 2011 e morreu em circunstâncias não muito claras.
Desde então, a Líbia vem convivendo com uma forte instabilidade política e com uma luta intensa entre diversas forças políticas. O país sofre com inúmeros problemas de infraestrutura e com todo o tipo de dificuldades de ordem administrativa. Essa grande tragédia climática pegou o país de surpresa e serão necessários grandes esforços, especialmente com ajuda estrangeira, para recuperar tudo o que foi destruído pelas chuvas.
As fortíssimas chuvas que caíram na Líbia foram resultantes de um forte sistema de baixa pressão que há vários dias vem provocando chuvas na região do Mar Mediterrâneo. Esse sistema provocou inundações catastróficas na Grécia, seguindo depois na direção do Mar Mediterrâneo onde se transformou num ciclone tropical conhecido como Medicane (do inglês, furacão do Mediterrâneo).
Serão necessários vários dias até se tenha uma noção exata do tamanho real dos estragos e do número de vítimas dessa grande tragédia. O que é certo por enquanto é que o povo da Líbia precisará de muita ajuda e solidariedade da comunidade internacional para superar essa tragédia épica.
