
O grão-de-bico é uma leguminosa originária da região Sudeste da Turquia e do Norte da Síria, sendo um grão bastante comum na culinária árabe. O homus, uma pasta feita a partir do grão-de-bico, é um desses pratos. Mercadores espalharam a cultura do grão por todo o Norte da África e Ásia Central, chegando até a Índia.
Na Europa, o grão-de-bico foi introduzido por conquistadores árabes na Península Ibérica e na Sicília. Com o passar do tempo, sua produção entrou em decadência, cedendo espaço para outras leguminosas como a ervilha e o feijão. A maior parte do grão-de-bico consumida no continente atualmente é importado.
Apesar de não ser um dos grãos mais populares aqui no Brasil, o grão-de-bico é a quinta leguminosa mais cultivada do mundo, só ficando atrás da soja, do amendoim, do feijão e da ervilha. Sua produção aqui no país é pequena, sendo complementada por grãos importados do México, do Chile e da Turquia.
O grão-de-bico é uma importante fonte de proteínas e minerais, como cálcio, magnésio, potássio e ferro. Também é rico em vitaminas do complexo B, tiamina (B1), vitamina B6 e ácido fólico (B9). A sua fibra é solúvel em água, o que contribui para a eliminação de gordura, colesterol e açúcar pelo nosso organismo.
Uma característica dessa leguminosa que vem chamando a atenção de muitos produtores rurais na Europa nos últimos anos é a sua capacidade de crescer em solos secos e com baixos níveis de umidade, características importantes em um continente que sofre cada vez mais com ondas de calor e secas.
Extremamente adaptado aos solos secos do Oriente Médio e de países como a Índia, o grão-de-bico vem sendo plantado com sucesso em projetos experimentais em países como a Alemanha. Além de necessitar de pouca água, o cultivo da leguminosa requer pouco uso de fertilizantes artificias.
Como acontece com a maioria das leguminosas, o grão-de-bico armazena nitrogênio em suas raízes, uma característica que torna a planta uma aliada de outras culturas que necessitam desse insumo. Aqui no Brasil, citando um exemplo, é muito comum que os agricultores plantem amendoim como uma cultura de rotação, justamente visando enriquecer o solo com nitrogênio.
Como sempre acontece em culturas pioneiras, os agricultores que estão plantando o grão-de-bico estão reclamando dos baixos preços do grão no mercado europeu. Como existe pouca demanda, é muito mais barato importar o grão de países do Oriente Médio o do Norte da África.
Com o avanço das mudanças climáticas e com a redução das chuvas em grande parte da Europa, a cultura poderá se transformar em uma importante fonte de proteínas e vitaminas para a população, ocupando os espaços de grãos como o feijão e a ervilha. Com o aumento da demanda os preços e os incentivos para os produtores deverão aumentar.
Esse é apenas um exemplo de adaptação em um mundo com mudanças cada vez mais visíveis no seu clima e nas formas de produção e consumo de alimentos.
