CAATINGA PODERÁ SOFRER IMPACTOS EM 99% DE SUA VEGETAÇÃO ATÉ 2060, POR CUSA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS 


Um estudo do Instituto de Biologia da UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas, mostrou um cenário preocupante para as próximas décadas no Semiárido Nordestino – as mudanças climáticas poderão causar a perda de espécies vegetais em 99% da Caatinga até o ano de 2060. 

Esse estudo utilizou mais de 400 mil registros de banco de dados relacionados a mais de 3 mil espécies vegetais. Essas informações foram processadas em computadores com algoritmos de inteligência artificial e metodologias estatísticas. 

As regiões que poderão sofrer os maiores impactos são a Chapadas Diamantina e do Araripe, além de grande parte do Planalto da Borborema. Só para relembrar, a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e ocupa uma área equivalente a 10% do território do Brasil. A Região do Semiárido ou Domínio da Caatinga compreende 925.043 km², ou seja, 55,6% do Nordeste brasileiro. Estima-se que uma população de 30 milhões de pessoas habite a região.  

A Caatinga engloba áreas dos estados nordestinos do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Bahia, possuindo o mais baixo índice pluviométrico do território brasileiro. Uma microrregião do Norte do Estado de Minas Gerais, também de clima semiárido, é associada ao sertão Nordestino numa conceituação geográfica conhecida como Polígono das Secas.   

A característica mais marcante dessa extensa área territorial é o seu clima semiárido do tipo tropical seco, com chuvas escassas e irregulares. A região possui uma média de temperatura elevada. O solo do sertão é em geral pouco espesso apresentando manchas de solos argilosos muito férteis, principalmente nas depressões e nos baixios. Os solos nessas manchas formam os chamados tabuleiros aluvionais e as várzeas de tabuleiros.   

Em função do clima e dos tipos de solos, essa vegetação pode ser dividida, de forma muito rudimentar, em três áreas: o agreste, a caatinga e o alto sertão. Cada uma destas áreas possui uma quantidade imensa de subdivisões dos tipos de vegetação, formando biomas independentes e completos.   

De acordo com o professor Mário Moura, primeiro autor da pesquisa, “50 espécies de plantas poderiam ser extintas na Caatinga, e no cenário pessimista esse número chegaria a 250. Então 99% do território vai ter perda de espécies, especialmente a região Sul do bioma e a Noroeste, que são pontos turísticos muitas vezes“. 

De acordo com as projeções, cerca de 40% da vegetação da Caatinga poderá sofrer um processo de simplificação. Isso significa que espécies raras e exclusivas de uma região poderão ser substituídas por espécies comuns, diminuindo drasticamente a diversidade do bioma. 

Segundo uma explicação bastante didática do autor, seria como se colocar as espécies vegetais da Caatinga em um grande liquidificador e bater. Isso reduziria a eficiência dos serviços sistêmicos, como por exemplo o sequestro de carbono, além de reduzir a resiliência do bioma aos impactos do clima. 

As condições climáticas do Semiárido Nordestino são o resultado de uma combinação de correntes de ventos vindas do Oceano Atlântico e do relevo da região, fatores que influenciam o volume de chuvas que caem sobre a região. A vegetação e a vida animal se adaptaram gradativamente para as condições do bioma.  

De acordo com esse estudo, as mudanças na composição vegetal da Caatinga serão irreversíveis devido a todas as mudanças ambientais criadas pela elevação das temperaturas globais. O máximo que poderá ser feito é a minimização de alguns dos seus efeitos. 

Uma das únicas formas de se deter esse processo seria a contenção das mudanças climáticas globais, o que só seria possível com uma redução drástica das emissões de gases de efeito estufa, dos desmatamentos e de uma série de outras grandes agressões ambientais. 

Até o momento, a prática mostrou que nada disso é possível. Pobre Caatinga… 

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