
As postagens deste blog começaram em 2016 – de lá para cá já somam 1.841 publicações. A inspiração para todo esse trabalho vem dos impactos da intensa crise hídrica vivida pouco tempo antes pela Região Metropolitana de São Paulo. Muitos dos leitores talvez se lembrem de reportagens falando do Sistema Cantareira no “volume morto” e de todos os problemas da população com as torneiras literalmente secas.
A partir de então, os temas explorados por aqui se concentraram nos inúmeros problemas ambientais associados aos recursos hídricos. A Bacia Amazônica, que detém algo como 20% de todas as reservas superficiais de água doce do planeta Terra, virou tema frequente em nossas postagens.
O evento da “chuva negra” na Região Metropolitana de São Paulo no final de 2019, o qual relembramos na postagem anterior, provocou uma mudança progressiva no tom das críticas aos problemas ambientais vividos pela região da Floresta Amazônica e de toda a sua população.
Aqui é importante contextualizar a situação do Bioma Amazônico na época: de acordo com dados do Imazon – Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia, a área total desmatada em 2019 chegou à marca de 4.234 km² e vinha num ritmo crescente desde de 2012 (exceção a 2017, quando houve uma queda substancial). A área queimada foi de 18,1 milhões hectares.
Uma das lembranças mais nítidas daqueles dias foi um discurso atravessado da garota sueca Greta Thunberg, que tinha algo como 17 anos na época. Uma das frases mais marcantes foi algo como “vocês destruíram o meu futuro”. Também não esqueço das falas de Emmanuel Macron, Presidente da França, que, entre outras coisas, afirmou que “a nossa Amazônia está sendo transformada em cinzas”.
Eu imagino que ninguém em sã consciência não tenha suas próprias opiniões sobre a gravidade dos problemas ambientais que a região – principalmente a sua população pobre, vem vivendo há várias décadas.
A primeira vez que fui até a região foi em abril de 2009, quanto previa ficar cerca de um mês a trabalho. Lembro que logo que a porta da aeronave foi aberta no aeroporto da cidade de Porto Velho, em Rondônia, um cheiro intenso de fumaça de mato queimado tomou conta do interior do avião. Acabei ficando quase dois anos trabalhando por lá, período que considero um verdadeiro mestrado em questões ambientais amazônicas.
A comoção inicial criada na opinião pública mundial, que parecia ser um ponto de virada real na busca por soluções econômicas e sociais para os problemas da grande floresta equatorial, pouco a pouco se mostrou lacração pura – muita politicagem e solução prática nenhuma.
Curiosamente, a situação mudou em janeiro de 2023, quando a liderança do Brasil passou para as mãos de um presidente esquerdista. Milagrosamente, notícias sobre as queimadas e a derrubada de árvores passaram a ter um tom mais “adocicado” e bem menos agressivo nos noticiários e nas redes sociais.
Entretanto, os problemas ambientais não desapareceram nesse verdadeiro “passe de mágica”. Um exemplo é a área total de queimadas no Bioma Amazônico desde então. Foram 17,2 milhões hectares em 2023 (contra 16,3 milhões hectares em 2022) e, espantosos, 30,9 milhões de hectares em 2024.
Fazendo uma conta rápida (que nós caipiras paulistanos chamamos de “conta de padaria”), a área total queimada na Floresta Amazônica cresceu 80% em 2024 quando comparada ao ano de 2019. A situação que já era grave em 2019 ficou, literalmente, caótica em 2024.
A pergunta que não quer calar: cadê a galera da lacração?
Macron, Greta, di Caprio, Rufalo, Cristiano Ronaldo …
