ESTRESSE TÉRMICO ESTÁ AUMENTANDO EM GRANDES CIDADES DO BRASIL E DA AMÉRICA DO SUL

Segundo o estudo, mais de 38 milhões de brasileiros habitantes de grandes metrópoles como o Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e outras dez cidades com mais de 1 milhão de habitantes passam até 25 dias por ano vivendo sob condições meteorológicos superiores aos limites do corpo humano. 

O UTCI – Índice Climático Térmico Universal, na sigla em inglês, não trata apenas da temperatura. Esse índice considera também a umidade do ar, o fluxo de radiação solar recebida e a velocidade do vento. Todos esses fatores afetam o conforto térmico do organismo humano e a forma como o corpo reage às condições ambientais. 

O aumento progressivo desse estresse térmico começou a acelerar nos últimos 20 anos com o agravamento das mudanças climáticas. E os problemas não param por aí – a cada ano, o período de estresse térmico ganha 10 horas a mais nas cidades analisadas. 

Esse estudo de avaliação de bioclimatologia é o primeiro a ser realizado em toda a América do sul nas últimas quatro décadas. No total, o estudo avaliou 31 cidades em toda a América do Sul. No Brasil foram avaliados Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, Belém, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Campinas. 

Segundo os pesquisadores, o número de horas sob estresse térmico ao longo do ano vem aumentando em todas as zonas climáticas do continente. O período analisado se estendeu de 1979 até 2020. Esse crescimento foi observado em todas as cidades brasileiras estudadas. 

Em resposta ao aumento desse estresse térmico, as populações têm mudado seus hábitos de vida. Muitas atividades que costumavam ser feitas durante o dia agora estão sendo feitas durante a noite, período em que as temperaturas ficam um pouco mais amenas. 

Entre as cidades estudas, Fortaleza e Goiânia foram as que apresentaram os maiores aumentos, com 13 horas a mais de estresse térmico. Em Brasília, Campinas, Manaus e Belo Horizonte, o aumento foi de 10 horas. Nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro o aumento foi de 6 horas – Belém e Curitiba tiveram aumentos de 4 e 2 horas, respectivamente. 

A OMS – Organização Mundial de Saúde, considera o acesso a locais refrigerados como a melhor forma de se combater o estresse térmico. Essa recomendação, entretanto, esbarra em problemas econômicos. Aqui no Brasil, os dados indicam que pouco mais de 13% dos domicílios possuem sistemas de ar-condicionado. 

Desgraçadamente, para a imensa maioria dessas populações a única forma de se combater o estresse térmico é se valer de muita sombra e água fresca… 

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