
Quem trabalha na área de meio ambiente – especialmente com educação ambiental, está mais do que acostumado com a expressão “futuras gerações”. Esse conceito faz referência direta aos nossos filhos, netos e demais descendentes – são indivíduos que ainda não nasceram, mas, que vão receber uma “herança” ambiental complicada devido a todas as agressões ambientais feitas pela nossa geração.
Um exemplo frequente nas postagens aqui do blog são as mudanças climáticas e o aquecimento global. Em muitos lugares do mundo esses problemas já estão complicando a vida de muita gente. Daqui 50 ou 100 anos, de acordo com as projeções, esses problemas serão consideravelmente maiores – a maior parte das pessoas que hoje estão vivas estará morta até lá. Em nosso lugar, serão essas novas gerações que enfrentarão todos esses problemas.
Um estudo recente, onde foi feita uma revisão de mais de 180 trabalhos que tratavam da taxa de mortalidade associada às mudanças climáticas, concluiu que mais de 1 bilhão de pessoas irão morrer ao longo do próximo século por causa de catástrofes climáticas.
Esse tipo de especulação, é claro, é bastante controversa e parte de alguns pressupostos. O principal deles é a “regra das mil toneladas”. Segundo esse conceito, a cada mil toneladas de carbono liberado na atmosfera, uma pessoa poderá morrer no futuro como uma consequência direta ou indireta.
De acordo com a ONU – Organização das Nações Unidas, as mudanças climáticas já podem estar causando cerca de 13 milhões de mortes a cada ano. Outros especialistas dizem que somente as variações anormais nas temperaturas podem causar cerca de 5 milhões de mortes a cada ano.
Entre as causas dessas mortes podemos citar as quebras nas safras agrícolas, secas, enchentes, elevação do nível dos oceanos e incêndios florestais, entre outras tragédias. Com as projeções do aumento das temperaturas nas próximas décadas, as catástrofes ambientais e as mortes tenderão a aumentar progressivamente.
Pessoalmente, tenho restrições a esses exercícios de “futurologia”. Sempre cito o caso recente da pandemia da Covid-19. Muitos talvez se lembrem das projeções de vítimas globais que foram feitas por alguns “especialistas”. Um deles, brasileiro, afirmou que “os ‘caminhões do Exército’ teriam de sair às ruas para recolher os mortos”. Perdemos milhares de vítimas sim, mas, felizmente, as perdas ficaram muito abaixo do que essas pessoas afirmaram.
Um exemplo real do que poderemos esperar nas próximas décadas é o que já está acontecendo com as geleiras das Montanhas Himalaias, na Ásia – eles estão perdendo grandes volumes de suas massas de gelo. Alguns dos maiores rios do continente tem suas nascentes formadas a partir do degelo desses glaciares.
Entre esses rios podemos citar o Ganges, o Indus e o Brahmaputra no Subcontinente Indiano; o Mekong no Sudeste Asiático; o Yang-Tsé (Rio Azul) e o Huang-Ho (Rio Amarelo) na China e os rios Amu Daria e Syr Daria na Ásia Central. As águas desses rios abastecem mais de 3 bilhões de pessoas – dá para imaginar fácil o tamanho da tragédia humana que a perda dessas águas poderá desencadear.
Se não dá para confiar totalmente na cifra apresentada nesse estudo, podemos ao menos imaginar o tamanho do problema que as próximas gerações vão enfrentar.
