
A mais recente preocupação das autoridades da área de saúde em todo mundo é um surto de gripe aviária do subtipo H5N1. A doença é tipicamente encontrada em aves silvestres, podendo ser transmitida para aves domésticas e para outros animais como mamíferos.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura foram registrados 19 casos no Brasil até o dia 1º de junho. Foram 13 casos registrados no Espírito Santo, 5 no Rio de Janeiro e 1 caso no Rio grande do Sul. Não há registros de focos de gripe aviária em granjas voltadas para a produção de aves e ovos para alimentação.
Em outros países, a situação está bem mais complicada. Desde outubro de 2021, mais de 140 milhões de aves de criações comerciais tiveram de ser abatidas. Somente no Reino Unido, mais de 4 milhões de aves de criações já foram abatidas e há estimativas que indicam que 50 mil aves selvagens já morreram.
Especialistas temem que o número de aves selvagens mortas nas ilhas britânicas pode ser bem maior – muitas aves podem ter morrido sobre o mar enquanto realizavam suas migrações e as carcaças não chegaram até as praias.
Desde 1986, as ilhas britânicas já perderam ¼ de suas populações de aves silvestres, especialmente devido à perda de habitas, a sobrepesca e também devido as mudanças climáticas. A morte de aves por causa da gripe aviária só fez por aumentar as preocupações dos especialistas.
Outra enorme preocupação é o que se chama de “efeito de transbordamento” – outras espécies como lontras, raposas, gatos domésticos e leões-marinhos podem ser contaminadas pelo vírus após capturarem e comerem aves contaminadas com a gripe aviária.
No Peru, país com cerca de 2.500 km de costa, foram encontrados mais de 3.500 leões-marinhos mortos nas praias nos últimos meses. No Chile, já foram encontrados quase 9 mil animais mortos entre lobos-marinhos, pinguins-de-Humbolt, lontras-marinhas e alguns cetáceos pequenos. Todas essas mortes estão associadas à gripe aviária.
De acordo com informações do Serviço Nacional de Pesca do Chile, a gripe aviária está presente em 12 das 16 regiões do país. O último caso de contaminação se deu com um huilin, um tipo de lontra que vive na região de Magallanes, no Extremo Sul do país.
O Chile relatou o primeiro caso de contágio de gripe aviária em humanos no final de março, quando um homem de 53 anos apresentou um quadro de influenza grave. Aqui é importante citar que a transmissão da doença se dá apenas por contato entre pessoas e animais doentes – não existe transmissão de pessoa para pessoa.
Na Espanha, uma fazenda teve de sacrificar mais de 50 mil visons, um pequeno mamífero da família dos mustelídeos de grande valor comercial por causa de sua pelagem macia, tiveram de ser sacrificados. Esses animais tiveram contato com aves selvagens infectadas. De acordo com as autoridades espanholas, a doença se espalhou em cascata de animal para animal,
Mudanças nos padrões climáticos podem estar afetando o comportamento das aves e contribuindo para a disseminação do vírus. Os animais estão tendo de ajustar seus ciclos migratórios em busca de novas áreas de alimentação e de reprodução.
Variações no nível do mar também pode estar afetando as áreas de nidificação tradicionais de muitas espécies e forçando esses animais a buscar outras áreas apropriadas. Em alguns casos, espécies diferentes estão sendo obrigadas a dividir territórios, o que estar levando a uma disseminação mais rápida do vírus.
Recentemente, o Ministério da Agricultura e Pecuária decretou estado de emergência zoosanitária em todo o país por causa do aumento dos casos de cotaminação em aves silvestres. A portaria, assinada em 22 de maio, tem validade de 180 dias.
Segundo o Ministério, essa medida tem como principal objetivo evitar que a doença chegue até a produção de aves comerciais. É importante citar que o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, o que justifica toda essa preocupação. O Ministério recomenda que a população não recolha aves doentes ou mortas e que acione o serviço veterinário mais próximo com o objetivo de evitar que a doença se espalhe.
A OMS – Organização Mundial da Saúde, informa que não há registros de contaminação da gripe aviária a partir do consumo de carne de frango ou de ovos preparados.
