800 MILHÕES DE PÁSSAROS DESAPARECERAM NA EUROPA NOS ÚLTIMOS 40 ANOS 

De acordo com um amplo estudo publicado na revista científica PNAS – Anais da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos da América, na sigla em inglês, na última segunda-feira, dia 15 de maio, cerca de 25% da população de pássaros da Europa desapareceu dos céus nos últimos 40 anos.  

Para desespero de “euroambientalistas” como Emmanuel Macron e Greta Thunberg, que adoram jogar todos os males ambientais do mundo na questão das queimadas e dos desmatamentos da Amazônia, essa gravíssima tragédia é culpa única e exclusiva dos europeus. 

Para início de conversa, existe muita confusão entre o que é ave e o que é pássaro. Todo pássaro é uma ave, mas nem toda ave é pássaro O termo pássaro se refere a aves que pertencem a ordem Passeiforme. Essa grande ordem inclui quase 6 mil espécies, mais da metade do total das espécies de aves existentes. Geralmente, os pássaros são aves de tamanho de pequeno a médio, são canoras e voam.  

Esse estudo se desenrolou ao longo de 37 anos, envolvendo cinquenta pesquisadores e 20 mil locais de monitoramento em 28 países europeus. Foram monitoradas 170 espécies de pássaros em diferentes ecossistemas do continente. De acordo com os diretores do projeto, esse foi um esforço coletivo sem precedentes. 

Depois dessas inúmeras observações os pesquisadores fizeram as contas e perceberam que estavam faltando cerca de 800 milhões de pássaros nesses habitats. Nas áreas rurais onde a agricultura é o carro chefe da economia foi onde a situação se mostrou mais alarmante – nessas áreas a redução das populações de pássaros chegou a 60%. 

Não foi muito difícil estabelecer uma relação direta entre a agricultura e o desaparecimento dos animais – as plantações recebem um verdadeiro coquetel de produtos químicos representados por fertilizantes e pesticidas. As aves insetívoras, ou seja, que se alimentam principalmente de insetos, foram atingidas diretamente. As demais espécies foram afetadas de maneira indireta. 

Dados que reforçam essa percepção estão ligados a pássaros que vivem em outros ecossistemas. No caso dos pássaros que vivem dentro das áreas urbanas, a diminuição das populações foi de 28%. Já para as espécies que vivem dentro de áreas florestais, a redução populacional foi ainda menor – 18%. 

Entre as espécies que mais sofreram reduções em suas populações se destacam as andorinhas, espécie que tem uma preferência por áreas agrícolas, e o papagaio-do-milho, com percentuais de 57% e 77%, respectivamente. 

Outra espécie que foi bastante estudada foram os pardais domésticos (Passer domesticus), cuja população apresentou um declínio de 64%. Uma curiosidade sobre essa ave é que ela foi introduzida aqui no Brasil em 1903 com o objetivo de conter uma grande epidemia de febre amarela que assolava a cidade do Rio de Janeiro. Algum especialista contou ao então Prefeito Pereira Passos que os pardais eram grandes comedores de mosquitos… 

Um outro fator que parece estar afetando os pássaros é o aumento global das temperaturas do planeta, as famosas mudanças climáticas. De acordo com os estudos, espécies que vivem em ecossistemas frios apresentaram uma queda populacional de 40%. enquanto espécies mais adaptadas a ecossistemas mais quentes sofreram um declínio de 18%. 

Segundo o cálculo feito pelos pesquisadores, as populações de pássaros na Europa vêm sofrendo uma redução média de 20 milhões de indivíduos sistematicamente a cada ano ao longo dos últimos 40 anos. A situação é simplesmente catastrófica. 

A redução das populações de pássaros vinha sendo observada já há vários anos e uma das explicações correntes jogava toda a culpa nos gatos domésticos. Os gatos ocupam o segundo lugar entre os bichos de estimação mais populares entre os humanos (em alguns países já estão na primeira posição) e, em virtude da urbanização cada vez maior, eles vêm ocupando cada vez mais o espaço dos cachorros. 

Estudos feitos nos Estados Unidos concluíram que os gatos “yankees” matam cerca de 3,7 bilhões de aves e 20,7 bilhões de mamíferos a cada ano, sem que se inclua na conta as mortes de répteis e anfíbios. Um outro estudo feito na Ilha Marion, na África do Sul, na década de 1970, indicou que os gatos matavam cerca de 455 mil aves marinhas a cada ano. Um estudo semelhante, feito na ilha francesa de Kerguelen na mesma época, mostrou que 1,2 milhão de aves marinhas eram mortas a cada ano por gatos.   

Na Austrália, um grupo de cientistas acompanhou um grupo de 13 gatos “selvagens” por um período de 50 dias em uma área recém queimada no Sudeste do país. Em 101 eventos de caça observados, esses gatos tiveram uma taxa de sucesso média de mais de 32% – nas áreas abertas das savanas, esses gatos obtiveram as melhores taxa de êxito, onde conseguiram abater as vítimas em 70% dos ataques. Os gatos abateram uma média de 7,2 vítimas a cada 24 horas. Em 25% dos casos documentados, os gatos sequer comeram as presas abatidas – ou seja: eles caçam por prazer.

Os estudos comprovaram que os “bichanos” europeus podem até ter dado alguma contribuição para o declínio de algumas populações de pássaros, mas estão longe de serem os grandes vilões da história. A grande maioria das espécies que mais foram afetadas vivem bem longe dos gatos. 

A parte trágica desse problema é que os pássaros realizam importantes “trabalhos ambientais”. Além de controlar as populações de insetos, os pássaros ajudam na polinização das plantas e são grandes dispersores de sementes. Essa brutal redução nas populações desses animais certamente já está tendo repercussões nos respectivos biomas. 

O Brasil, que até o final da década de 1980, ainda dependia da importação de alguns alimentos, se transformou num dos maiores produtores mundiais, especialmente de grãos como soja e milho. Sistematicamente, nossa agricultura é acusada por concorrentes europeus de ser uma grande destruidora do meio ambiente. É comum muitos afirmarem que o excepcional crescimento de nossa produção se deu às custas da destruição de extensas áreas da Floresta Amazônica. 

Até existe alguma verdade nessas afirmações, mas há muito trabalho sério e dedicado de inúmeros produtores rurais para todo esse sucesso. A conclusão desse estudo mostra a responsabilidade da agricultura da Europa na diminuição das populações de pássaros e é um verdadeiro tapa com uma luva de penas na cara de muita gente por lá… 

Já passou da hora de se parar com acusações infundadas e todos nos concentrarmos no que é mais importante – a preservação do meio ambiente como um todo e em todos os continentes. 

Deixe um comentário