ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE

ETE

Alguém precisa fazer o trabalho sujo!”

Você já deve ter ouvido essa frase muitas vezes – ela cai como uma luva para o assunto de hoje: o destino final dos efluentes de toda a Rede Coletora de Esgotos de uma cidade, ou de parte dela nos casos de grandes cidades, é a Estação de Tratamento de Esgotos, mais conhecida pela sigla ETE. Essa unidade é o coração do Sistema de Esgotos e tem a nobre tarefa de restaurar a qualidade da água que vai ser devolvida ao meio ambiente, removendo todas as impurezas e contaminantes através de diferentes processos de tratamento biológicos.

Os esgotos chegam até a ETE através das Linhas de Recalque. São tubulações de esgoto que conduzem as águas residuárias por meio de bombeamento e pressurização. Normalmente são construídas em material de alta resistência a pressão como ferro fundido, polietileno de alta densidade (PEAD) ou fibra de vidro reforçada (PRFV) e fazem a ligação entre a última Estação Elevatória de Esgotos e a Estação de Tratamento de Esgotos, que normalmente fica instalada em uma região mais remota ou afastada do centro da cidade

Existem várias formas de realizar o processo de tratamento dos esgotos sanitários como lodo ativado, filtro biológico e lagoas de estabilização. A escolha do melhor sistema de tratamento leva em consideração o volume de esgotos a ser tratado, o tamanho do terreno disponível, a topografia, o transporte dos esgotos brutos, o custo do tratamento dos esgotos (que será rateado entre todos os moradores), a redução da carga de poluentes que se deseja atingir etc. As companhias de saneamento sempre buscam a melhor relação custo / benefício. Estações compactas do tipo filtro biológico, por exemplo, podem ser construídas em áreas relativamente pequenas, porém o custo do tratamento dos esgotos é mais caro do que o realizado em lagoas de estabilização. As lagoas de estabilização, apesar do baixo custo de operação, necessitam de áreas grandes para sua instalação; o custo dos terrenos nas proximidades das grandes cidades torna-se um grande obstáculo para esse tipo de sistema de tratamento.

As Estações de Tratamento de Esgotos reproduzem os processos naturais de eliminação da carga poluente, porém em uma velocidade acelerada e em um espaço restrito. Quando os esgotos são despejados in natura dentro de um rio, os processos naturais do rio se encarregarão de consumir e neutralizar os poluentes orgânicos. O grande problema é que, enquanto o rio depura os esgotos, os moradores das margens próximas serão obrigados a conviver com a poluição e o mau cheiro do rio, não podendo utilizar adequadamente as águas desse importante manancial. Com o tratamento adequado dos esgotos, as águas são devolvidas ao meio ambiente em condições satisfatórias e a poucos quilômetros dos emissários o meio ambiente natural já terá apurado a água, tornando-a adequada para uso pelos moradores das margens e cidades localizadas rio abaixo.

Um ponto em comum entre todos os tipos de ETEs é a preocupação inicial em reter o lixo e a areia que estão misturados aos efluentes. Já na saída da Linha de Recalque, os efluentes são lançados em uma espécie de cesto metálico formado por grades, que retém todo o lixo grosseiro – esse processo é chamado Gradeamento. A seguir, os efluentes passam pelo processo de Desarenação, que é a retirada por decantação da areia e de outros materiais particulados como pó de café, resíduos de ossos, sementes etc. Os esgotos são encaminhados para um tanque, onde o material particulado decanta (vai para o fundo do tanque) pela ação da gravidade. Esses dois processos formam o chamado Pré Tratamento dos Esgotos.

Isso é só o começo. Continuaremos no próximo post.

13 Comments

  1. […] Como se não bastasse a falta de infraestrutura de saneamento básico das cidades brasileiras, a própria natureza conspira contra os cinturões verdes: conforme as águas poluídas de córregos e rios correm, os próprios mecanismos naturais se encarregam de depurar e limpar as águas. O grande exemplo que podemos citar é o rio Tietê, considerado o mais poluído do Brasil – de rio praticamente morto dentro da Região Metropolitana de São Paulo, o rio renasce a pouco mais de 250 km da cidade de São Paulo, sem qualquer interferência humana. No caso das áreas dos cinturões verdes, que estão sempre muito próximas das cidades, não há tempo suficiente para a natureza depurar e limpar as águas – elas sempre estarão contaminadas ao atravessarem as áreas das plantações e serem usadas na irrigação das plantas. Nesses casos, a única alternativa será a intervenção humana, construindo e operando ETEs – Estações de Tratamento de Esgotos.  […]

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